As Festas de Lisboa regressaram, depois de uma suspensão de dois anos devido à pandemia de covid-19. Esta paragem tornou o regresso das festas mais ansiado e animação instalou-se em Lisboa, com a adesão entusiástica à programação variada que preenche todo o mês de Junho, com destaque, naturalmente, para os arraiais de Santo António e para o desfile das Marchas na Avenida da Liberdade.
As comemorações em torno de Santo António de Lisboa são uma expressão popular ímpar que mobilizam e animam a capital, mas especialmente os bairros históricos, trazendo para a rua a identidade de Lisboa.
Embora Santo António não seja padroeiro da cidade (mas sim São Vicente), os lisboetas há muito que se habituaram a comemorar o Santo que se tornou popular, desde logo com a realização da Procissão de Santo António que percorre as ruas de Alfama, depois com os arraiais, as sardinhas e os bailaricos, desde 1932 com as Marchas representando os bairros (no primeiro desfile, realizado no Parque Mayer, participaram seis bairros mas apenas três concorreram: Alto do Pina, Bairro Alto e Campo de Ourique – que venceu), a partir de 1958 começaram a realizar-se os casamentos de Santo António e a estas tradições foram-se somando diversas atividades culturais e recreativas que preenchem todo o mês de junho, um pouco por toda a cidade.
As Festas de Lisboa são hoje a mais relevante expressão da cultura e tradição populares da capital, afirmando as características dos bairros que se engalanam com orgulho bairrista para receber os muitos visitantes que acorrem. São festas que nascem do envolvimento e do empenho dos moradores de cada bairro, seja na preparação dos arraiais, seja nas marchas organizadas pelas coletividades locais. Todas estas atividades significam importância social e económica para as comunidades.
A Câmara Municipal de Lisboa e as Juntas de Freguesia há muito que apoiam as coletividades e a realização de arraiais, assim como complementam com outras atividades culturais diversificadas que preenchem o calendário das festas.
Num tempo de globalização, também das expressões culturais, as Festas de Lisboa são uma excelente afirmação da identidade dos bairros que diferencia Lisboa. Também para o turismo, tão relevante na capital, esta animação permite acrescentar diversidade na oferta da cidade, mas, sobretudo, apresenta uma diferenciação nessa oferta, permitindo uma experiência única que é a identidade de Lisboa.
A relevância das Festas de Lisboa é social, económica e cultural e transformou o mês de junho na capital num período de animação e de afirmação da identidade que reúne a adesão dos lisboetas e que atrai turistas, convidando-os a conhecerem e a apaixonarem-se por Lisboa.
Mas esta oferta cultural tão característica, intensa e diversa acontece apenas um mês em cada ano.
Vale a pena ponderar se esta ‘receita’, naturalmente com as devidas adaptações, não poderia ser repetida em cada ano, duplicando assim toda esta oferta cultural, mas, sobretudo, promovendo a especificidade dos bairros e proporcionando mais uma oportunidade para o desenvolvimento de atividades culturais, recreativas e económicas nas comunidades locais. Talvez a data da conquista de Lisboa aos mouros ou o dia de São Vicente (com o inconveniente de ser no inverno) pudessem ser pretextos.