A taxa de inflação acelerou para 8% em maio. Trata-se do valor mais elevado desde fevereiro de 1993, revelam os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), confirmando as estimativas divulgadas no final de maio. «A variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) foi 8% em maio de 2022, taxa superior em 0,8 pontos percentuais (p.p.) à observada no mês anterior e a mais elevada desde fevereiro de 1993», disse o gabinete de estatísticas, em comunicado.
Também o indicador de inflação subjacente – índice total excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos – acelerou, registando uma variação de 5,6% (5,0% em abril).
Já a variação do índice relativo aos produtos energéticos aumentou para 27,3% (26,7% no mês precedente), aquele que é o valor mais elevado desde fevereiro de 1985, ainda segundo o INE, enquanto o índice referente aos produtos alimentares não transformados apresentou uma variação de 11,6% (9,4% em abril).
O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português apresentou uma variação homóloga de 8,1%, «novo valor mais elevado registado desde o início da série do IHPC, em 1996», refere o gabinete de estatísticas portuguesa.
No entanto, «excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos, o IHPC em Portugal atingiu uma variação homóloga de 5,8% em maio (5,3% em abril), superior à taxa correspondente para a área do euro (estimada em 4,4%), mantendo o perfil marcadamente ascendente verificado nos últimos meses», disse ainda o organismo.
Pela primeira vez desde que a inflação começou a acelerar em Portugal, a variação média dos últimos doze meses da taxa de inflação superou os 3%, atingindo os 3,4% em maio, acima dos 2,8% de abril.
Valores agravados
«O que há bem pouco tempo não era um problema, pelo menos segundo os dados que eram publicados sobre a inflação em Portugal, tem-se agora agravado nos últimos meses com a inflação em Portugal a disparar e a atingir a marca dos 8% no mês de maio», diz ao Nascer do SOL, o analista da XTB. E lembra que, o aumento dos preços não se deve apenas ao aumento dos preços dos combustíveis. As categorias dos bens alimentares e bebidas não alcoólicas, bem como o alojamento, água e eletricidade também têm contribuído para o aumento generalizado dos preços.
«As categorias mais voláteis (energia e bens alimentares) continuam a impulsionar os níveis de inflação em Portugal, no entanto, esta situação parece estar a agravar-se ainda mais uma vez que outras categorias como a habitação parecem estar a sentir também os efeitos da inflação elevada. O atual cenário apoia a necessidade de se aumentar as taxas de juro a um ritmo mais acelerado a fim de se conter os efeitos da inflação» refere, acrescentando também que, «mesmo quando olhamos para o índice de inflação subjacente, que exclui as categorias mais voláteis como a energia e os bens alimentares, conseguimos ver que os níveis permanecem elevados +5,6%».