As grávidas têm de saber onde se dirigir. Esta é uma das preocupações do novo coordenador nacional da comissão criada pelo Governo para gerir a resposta nos serviços de obstetrícia e salas de parto do SNS. Diogo Ayres de Campos, diretor do serviço de obstetrícia do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e presidente da Associação Europeia de Medicina Perinatal, considera que deve existir uma maior coordenação entre hospitais quando um bloco de partos ou uma urgência encerra para que não aconteça em simultâneo e de forma desorganizada, como tem sucedido nos últimos dias, explicou à Lusa. “Às vezes fecha o bloco de partos, outras vezes as urgências e quando passa para a comunicação social nem sempre é muito claro o que está fechado e isso pode trazer alguma confusão às grávidas”, disse, sublinhando que as utentes têm de saber para onde se devem dirigir.
Na mesma entrevista, Diogo Ayres de Campos sublinhou que a “primeira prioridade” da comissão “é arranjar soluções para o verão”, começando então “a pegar nos problemas mais estruturais e tentar alterações aí, porque senão está apenas a reagir e não a planear”.
Questionado sobre se os serviços de urgência de obstetrícia e ginecologia e bloco de partos de vários pontos do país vão continuar a ter problemas nos próximos dias, Diogo Ayres de Campos afirmou não ter condições para responder a isso neste último fim de semana.
Braga com escalas incompletas
Mas pelo menos no Hospital de Braga o problema das escalas incompletas, que tem obrigado a fechar serviços, deverá continuar a fazer-se sentir. As grávidas têm sido enviadas para Famalicão ou Guimarães e se está prevista a reabertura da urgência de ginecologia e obstetrícia esta segunda-feira, possivelmente o serviço terá de voltar a encerrar. O retrato da situação foi feito este domingo por Hugo Cadavez, dirigente do Sindicato Independente dos Médicos, explicando que as escalas foram entregues ao conselho de administração mas estão incompletas. “Infelizmente este encerramento da urgência de obstetrícia do Hospital de Braga irá acontecer mais dias durante esta próxima semana. Sabemos que as escalas incompletas desses dias já foram comunicadas ao conselho de administração, agora competirá ao conselho de administração deliberar esse encerramento”, disse à TSF.
Na grande Lisboa, a situação estava ontem um pouco mais controlada. Este domingo, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo garantiu que todos os serviços estavam a funcionar “dentro da normalidade”.
Grávidas não ficam sem resposta
A ARS assegura também que em situações em que os hospitais tenham de desviar grávidas enviadas pelo INEM – o chamado fecho ao CODU, que se repete há anos nas urgências em momentos de maior pico – existirá resposta para quem se desloque pelos próprios meios. “Reafirma-se que a ARSLVT, hospitais da Região e o CODU/INEM mantêm estreita articulação para garantir o normal funcionamento das urgências das maternidades da Região, com toda a segurança. Caso haja necessidade de encaminhar utentes, as equipas hospitalares articulam com o CODU/INEM, no sentido de identificar a unidade que naquele momento tem melhor capacidade de resposta”, disse a ARS, lamentando os constrangimentos “que, apesar de todos os meios disponibilizados, não foi possível ultrapassar”.