Como contornar o aumento da inflação

A taxa de inflação não dá sinais de alívio e as perspetivas não são animadoras. Com a subida dos preços, o Banco Europeu de Investimento estima que o risco de pobreza no nosso país atinja 21,17% este ano. Ou seja, um quinto dos portugueses pode ficar abaixo do limiar da pobreza. Este é o momento…

Consumo de eletricidade

Uma das despesas que já dispararam é a conta da luz, o que levou Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) a propor uma redução de 2,6% na fatura para os consumidores do mercado regulado a partir de 1 de julho. A proposta abrange os 921 mil consumidores no mercado regulado, que representam 6% do consumo total, e os consumidores no mercado livre que optaram por tarifa equiparada. Para evitar gastos desnecessários, a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor aconselha os portugueses a fazer uma gestão cuidadosa dos aparelhos que estão em funcionamento, de forma a não desperdiçar energia com os menos necessários. Além disso, sugere que não se liguem em simultâneo eletrodomésticos com consumos significativos de eletricidade – como cafeteiras elétricas, fornos elétricos, máquinas da roupa e da loiça e aspiradores – para reduzir os picos de consumo na rede elétrica. As dicas não ficam por aqui. Na altura de lavar roupa e loiça, use as máquinas com a carga completa. Desligue os equipamentos da corrente, para não ficarem a consumir em standby, e use extensões com interruptor, por exemplo. Para ajudar nesta tarefa de poupança, o ComparaJá.pt disponibilizou um comparador de tarifários de energia, que agrega várias 457 ofertas.

 

Gastos com gás

Também aqui as notícias não são animadoras. As tarifas do gás natural no mercado regulado vão subir 2 euros por megawatt-hora (MWh), ou 3,3%, já a partir de julho. Em outubro de 2022 haverá um novo aumento médio de 3,9%. Para evitar desagradáveis surpresas no final do mês deverá ter cuidados redobrados no momento de cozinhar ou de tomar banho. É importante escolher os recipientes adequados para ter uma maior rentabilidade, e coisas tão simples como cortar os alimentos em pedaços pequenos para que cozinhem mais depressa podem fazer toda a diferença.

Mas há outros truques a seguir. Reduza o tempo que demora a tomar um duche e evite banhos de imersão. Além disso, evite utilizar temperaturas muito altas nas máquinas de lavar loiça e de roupa:  quanto mais elevadas, mais tempo e gás vão necessitar para aquecer.

Escolha secar a roupa sempre ao ar livre, em detrimento da máquina de secar roupa. E se tiver uma máquina de secar roupa a gás, opte por fazer várias secagens seguidas.

Assim, ao reduzir o número de vezes que aquece a máquina e faz a secagem, irá minimizar a perda de calor e reduzir o consumo de gás.

 

Despesa com água

Em fevereiro, a EPAL atualizou os preços, para a grande maioria dos clientes domésticos – consumo médio mensal de 8 m3 e um contador até 25mm) – em 9 cêntimos por mês. E uma das melhores formas de poupar no dia-a-dia é, sem dúvida, reduzir o consumo de água. Quase todos gastamos água desnecessariamente, mas como poupar? Na casa de banho, opte por fechar a torneira enquanto está a lavar os dentes ou o cabelo, por exemplo. Este pequeno gesto, aplicado diariamente, pode representar uma poupança muito significativa na sua fatura mensal. Além disso, deve optar pelo duche, já que consome entre 30 e 80 litros de água, ao contrário de um banho de imersão, cujo consumo pode chegar aos 200 litros.

Já na cozinha, o que mais consome água são as máquinas, seja a de lavar loiça, seja a de lavar roupa. Nesse sentido, procure colocar as máquinas a trabalhar apenas quando estas tiverem a carga completa. Hoje em dia, também já existem máquinas que têm a opção de meia carga, de forma a investir na poupança.

 Use água fria sempre que possível para que possa poupar na água quente. Além disso, evite descongelar alimentos com a água a correr – faça um esforço por descongelar naturalmente ou use o micro-ondas.

 

Idas ao supermercado

De acordo com a Deco Proteste, que tem vindo a acompanhar a subida de preços, a inflação deixou o cabaz de 63 produtos criado com base no consumo típico das famílias – peixe, carne, vegetais, fruta, conservas, massas, farinhas, laticínios, etc. – em média 10% mais caro. Ainda assim, há truques que pode seguir para tentar controlar ao máximo gastos extra. O ideal é levar uma lista das coisas que tem de comprar: se souber exatamente o que precisa e se se guiar exclusivamente por essa lista, corre menos riscos de comprar produtos desnecessários e, muitas vezes, caros. Outro conselho de ouro passa por estar atento às promoções e descontos, podendo optar pelo supermercados. E como a maioria das marcas está constantemente a fazer promoções, nem sempre compensa escolher as marcas brancas, que até há pouco tempo eram muitas vezes encaradas como as campeãs dos preços baixos.

Os cuidados a ter não ficam por aqui. Não se esqueça que, por vezes, compensa levar embalagens maiores e mais caras. Se comparar com o pacote mais barato, vai estar a pagar mais por levar dois dos pequenos do que um dos grandes. Tenha sempre em atenção os prazos de validade.

 

Controle o preço dos combustíveis

Os aumentos dos combustíveis não parecem querer dar descanso à carteira dos condutores, desde que começou a invasão da Rússia à Ucrânia. Esteja atento às quatro grandes petrolíferas – Galp, Repsol, BP e Cepsa – que continuam a apostar em cartões de fidelização, dando pontos que podem ser trocados pelos mais variados produtos. Ao mesmo tempo, as petrolíferas tiveram de encontrar promoções alternativas que respondessem à principal aspiração dos clientes: descontos na hora e no preço final. Daí os cartões de desconto. Outra aposta das marcas é o desconto por dia ou ao fim de semana, a iniciativa que mais impacto tem no aumento das vendas e que até consegue trazer de volta alguns daqueles antigos clientes que foram seduzidos pelos supermercados. Conte ainda com os postos de combustíveis com marca branca.

Também conduzir a altas velocidades significa gastar mais combustível. Se o veículo tiver cruise control use-o em autoestrada, porque a condução automática é mais económica. E quando estacionar prefira locais com sombra, o sol favorece a evaporação do combustível.

 

Check-up às suas despesas

Para quem já recebeu o reembolso do IRS ou quem já está a fazer contas ao subsídio de férias então é a melhor altura para fazer um verdadeiro check-up ao seu orçamento familiar. Uma das regras de ouro passa por avaliar a saúde das suas finanças, isto é, saber para onde está a ir o dinheiro. Para isso, faça um mapa de receitas e despesas, apontando diariamente todos os encargos, do empréstimo da casa ao café. Só fazendo uma lista exaustiva das despesas vai ser possível avaliar o caminho que o seu dinheiro está a tomar. Além disso, será possível avaliar o peso das diferentes despesas no orçamento familiar, de forma a reequilibrar as contas lá de casa.

Por exemplo, no caso das despesas com a casa (empréstimo, juros, água, luz, gás, etc.), o ideal é que elas não pesem mais de 35% a 40% no seu orçamento total.

Depois de fazer o mapa de receitas e despesas, deve procurar identificar os gastos desnecessários que podem ser reduzidos ou eliminados sem que isso afete o seu bem-estar. A partir daí poderá levar a cabo algumas mudanças que poderão fazer toda a diferença no final do mês. É o caso, por exemplo, da fatura de telecomunicações ou até mesmo do seu seguro do crédito à habitação, podendo aproveitar para renegociar.