O Partido Comunista Português concluiu, ontem, mais uma edição das suas Jornadas Parlamentares, no distrito de Setúbal.
O segundo e último dia foi marcado pela deslocação de Paula Santos, líder parlamentar do PCP, ao distrito, onde ouviu as reivindicações de associações e representantes de utentes, que exigem serviços médicos mais personalizados.
A “perspetiva de desenvolvimento” do Serviço Nacional de Saúde (SNS) por parte do Governo é inexistente, acusou Paula Santos, que exigiu também ao Executivo “incentivos para fixar os profissionais em zonas carenciadas”.
Isto porque, segundo as queixas ouvidas pela líder parlamentar comunista, um dos principais problemas que o distrito enfrenta é a falta de médicos nos hospitais que se desdobram em diferentes unidades, principalmente no momento atual que o país vive, tentando contrariar os efeitos negativos dos encerramentos temporários de serviços de urgência, nomeadamente os de obstetrícia.
Paula Santos ‘lavou as mãos’ do assunto, garantindo que por parte do PCP “não têm faltado propostas” para resolver os problemas na saúde. O Governo, no entanto, acusou, insiste em não atacar as “grandes insuficiências” do SNS.
A líder da bancada do PCP não deixou passar as declarações sem recordar que o partido – que nas últimas eleições legislativas ficou reduzido a seis deputados – agendou um debate no Parlamento para o dia 7 de julho, precisamente sobre incentivos para profissionais de saúde em zonas carenciadas. Entre outros, o projeto de lei dos comunistas prevê a atribuição a médicos e a enfermeiros de uma compensação no valor de 700 euros para despesas de habitação, bem como um acréscimo de 25% do “tempo serviço necessário para efeitos de progressão na carreira”.
Já na segunda-feira, no primeiro dia das Jornadas, Paula Santos tinha apontado o facto de o distrito de Setúbal ter “186.377 utentes sem médico de família, o que corresponde a 22,4% da população”, denunciando a falta de profissionais de saúde para “assegurar o adequado funcionamento dos serviços públicos, designadamente dos serviços de urgência e de urgências obstétricas – dificuldades que são do conhecimento de todos – e para garantir a realização de consultas, cirurgias, exames e tratamentos”.
“Não sabem como o hospital funciona” Entre os utentes cujo testemunho foi ouvido pela líder parlamentar comunista esteve Maria Fernanda Ventura, da Associação de Mulheres com Patologia Mamária, que lamentou o facto de os profissionais de saúde que encontra nos hospitais da região serem “pessoas que não têm qualquer ligação ao hospital” e que “não sabem como é que funciona”. “Não estão dentro de uma equipa. Trabalham hoje em Setúbal, amanhã em Almada, no dia seguinte no Barreiro. Isto provoca muitos constrangimentos no serviço. Isto está tudo interligado”, explicou, considerando que esta é uma realidade que prejudica o acompanhamento dos doentes.
Para fechar as Jornadas Parlamentares, Paula Santos tomou o púlpito e, admitindo que o país “vive tempos difíceis” com a maioria absoluta do PS, o PCP promete liderar a luta para “melhorar as condições de vida dos portugueses”.
Entenda-se, com propostas como a redução do IVA dos produtos alimentares para seis por cento, assim como a diminuição do preço dos combustíveis para a atividade agrícola e o aumento do salário mínimo para 800 euros já em 2022.