O regime russo até no espaço celebrou a sua brutal tomada de Lysychansk, a última cidade da região de Lugansk em mãos ucranianas após a queda de Severodonetsk. Cosmonautas russos foram fotografados a acenar a bandeira dos separatistas de Lugansk na Estação Espacial Internacional, mostrando que nem a exploração espacial está isenta de tensões geopolíticas. E, cá na Terra, tudo indica que o Kremlin pretenda avançar sobre o que sobra da região de Donetsk, tendo ganho uma testa-de-ponte crucial sobre o rio Seversky Donets.
O próximo alvo mais óbvio seria Sloviansk, que fica a caminho de Kramatorsk. Não só são essenciais para o abastecimento das tropas ucranianas na linha da frente de Donetsk, como têm um enorme valor simbólico para os separatistas, tendo Kramatorsk e Sloviansk sido palco do início da sua insurreição em 2014, antes de serem retomadas pelo Governo de Kiev.
Já as forças ucranianas prometem resistir. ”Isto foi apenas uma batalha que perdemos, mas não a guerra”, prometeu Serhiy Haidai, o governador de Lugansk, que viu toda a sua região tomada com a retirada de Lysychansk. “A Rússia de momento tem uma enorme vantagem em termos de artilharia e munição. Eles poderiam simplesmente tê-la destruído à distância, portanto não fazia sentido ficar”, explicou Haidai à BBC.
A dúvida é se o mesmo não se poderá suceder em Kramatorsk e Sloviansk. Uma vantagem das forças ucranianas é que a dependência que os russos têm tido quanto à sua artilharia os obriga a esperar pelo lento avanço desta. Já não estamos numa guerra de movimentos rápidos de tanques e infantaria mecanizada, como se via nos primeiros momentos da invasão, com resultados desastrosos para as tropas russas.
A lentidão dos russos pode dar um tempo precioso às forças ucranianas, que aguardam ansiosamente a chegada de mais armamento pesado vindo da NATO. Aliás, Volodymyr Zelenskiy, ao admitir a queda de Lysychansk, no domingo até prometeu que era apenas um recuo temporário. “Nós vamos voltar”, assegurou o Presidente da Ucrânia. “Graças às nossas táticas e graças ao aumento no fornecimento de armas modernas”.