Eduardo Bolsonaro: “O que diria Marcelo se o meu pai fosse a Portugal e se encontrasse com Sócrates?”

Eduardo Bolsonaro classifica o encontro de Marcelo com Lula como uma ‘provocação’. Mas acredita que ainda há espaço para que Portugal e Brasil resolvam o ‘incidente diplomático’ em setembro. Convicto da reeleição do pai, em outubro, denuncia que as sondagens representam uma ‘falsa realidade’.

Que leitura faz do facto de o Presidente Bolsonaro ter cancelado o encontro com o Presidente Marcelo?

O Presidente Marcelo não seguiu o protocolo diplomático. Não falo pelo Presidente Jair Bolsonaro, meu pai, mas ficou muito claro. Foi no mínimo deselegante, para não dizer desrespeitoso, ele encontrar-se com Lula e Temer, que são dois ex-Presidentes do Brasil. Mas o Lula está a concorrer à eleição contra o Presidente Bolsonaro, falando muita besteira, muita coisa errada. É um ex-presidiário que foi solto através de uma manobra do Supremo Tribunal Federal. O Lula não foi inocentado, o processo apenas retornou à estaca zero. Não houve nenhum juiz a dizer que ele era inocente. Foi deselegante e a culpa é toda do Presidente Marcelo. Deveria ter-se concentrado na agenda original. Não sei o que o motivou a mudar a agenda e a cometer este ato deselegante. Gostava de saber o que diria o comentador Marcelo se o meu pai fosse a Portugal e se encontrasse com José Sócrates? 

O Presidente Marcelo disse que queria reunir com Lula e Temer na qualidade de ex-Presidentes do Brasil.

Se o Presidente Marcelo quer vir ao Brasil para se encontrar com os amigos, que venha de férias. Presidente fala com Presidente, ministro fala com ministro… Ele é Presidente da República de Portugal, não é um turista português aqui no Brasil. Tem que saber as atribuições dele, o seu papel e tudo aquilo que representa, porque ele representa os portugueses.

Portanto, não foi despropositado da parte do Presidente Bolsonaro cancelar este encontro…

Não conversei com ele e não falo por ele, mas acho que o Presidente Jair Bolsonaro agiu da forma correta. Tanto é que publiquei no Youtube um vídeo de um português que eu não conhecia, cujo nome é Miguel, com ele a falar exatamente nesse sentido, que o Presidente Marcelo cometeu um ato desrespeitoso. 

Considera que este encontro entre Marcelo e Lula foi uma provocação, tendo em conta que nos aproximamos das eleições presidenciais no Brasil? Ou não teve qualquer leitura política?

Sim, foi uma provocação, apesar de não acreditar na eleição do Lula. Quem tem acesso às imagens vê que por onde quer que o Presidente Jair Bolsonaro vá, inclusive nas áreas onde supostamente Lula e a esquerda são mais fortes, como por exemplo no nordeste do Brasil, arrasta uma multidão. Recentemente, tanto Lula como Bolsonaro estiveram os dois na mesma cidade na mesma data, 2 de julho. Bolsonaro arrastou uma multidão numa motociata, aquilo a que chamamos percorrer um trajeto numa moto. No entanto, ficou famosa uma foto veiculada pela imprensa que era uma montagem para fazer parecer que havia mais gente no evento do Lula do que a realidade demonstrava. Foi perceptível através da duplicação de várias pessoas nessa fotomontagem. Mas o PT teve que se justificar publicamente e dizer que tinha sido um erro técnico. Para piorar as coisas, nesse mesmo dia, ainda estiveram numa procissão na cidade de Salvador e o Lula tentou roubar a procissão para si. Aquele era um ato tradicional, que ocorre todos os anos. Mas colocaram o Lula na frente e tiraram uma fotografia para dizer que ele estava a arrastar uma multidão nas ruas. Quando, na verdade, as pessoas estavam lá não por causa do Lula, mas por causa de uma festividade tradicional. Era o mesmo que colocar um político à frente do Sambódromo no Rio de Janeiro e tirar uma fotografia e dizer que aquelas pessoas estavam lá em seu apoio.

Houve uma ingerência por parte do Presidente Marcelo nos assuntos internos do Brasil?

Sim, esse foi o recado que chegou aqui. Muitas pessoas no Brasil entenderam que ele estava a fazer um gesto a torcer para que Lula seja o próximo Presidente do Brasil. Lamento dizer isto, mas as sondagens de 2022 só estão a repetir aquilo que ocorreu em 2018. Todas as sondagens, mesmo dias antes da primeira volta, diziam que Jair Bolsonaro jamais ganharia as eleições. As sondagens estão a repetir aquilo que aconteceu no passado. Um dos institutos de sondagens no Brasil, o Vox Populi, segundo a delação do ex-ministro da Fazenda do Lula, Antonio Palocci, foram pagos 11 milhões em subornos para esse instituto realizar sondagens a favor do PT. No meu Youtube, coloquei um vídeo a demonstrar como são feitas as sondagens por uma das maiores empresas de pesquisa de opinião, que é a Quest. Analisei por exemplo o estado do Maranhão e aí lançaram pesquisadores nas ruas mas não foram à cidade de Imperatriz, a segunda maior cidade do Maranhão. Mas que coincidência…em Imperatriz Bolsonaro ganhou nas eleições de 2018.

Ou seja, as sondagens não são fiáveis…

As sondagens representam uma falsa realidade. Outro instituto, o Datafolha, errou em mais de 60% dos estados em 2014. Há uma peça do Yahoo sobre isso que ficou muito conhecida aqui no Brasil. Os institutos de pesquisa de opinião erram, recebem dinheiro do PT e não fazem sondagens nas cidades onde Bolsonaro ganhou. Portanto, não dá para dizer que retratam a realidade.

Bolsonaro é o único presidente brasileiro em democracia que nunca visitou Portugal. Porquê?

Houve algum convite para Bolsonaro ir a Portugal? Temos muita consideração por Portugal. É uma pátria irmã, não tenho a menor dúvida disso. O nosso chanceler esteve em Portugal e noutros países da CPLP onde Bolsonaro não conseguiu ir. A pergunta que deve ser feita é por que razão o Presidente Marcelo vem ao Brasil e visita o concorrente eleitoral do atual Presidente. Isso é que é estranho.

O Presidente Marcelo rejeitou a ideia de que se tratasse de um incidente diplomático. Considera que isto não passou de uma simples e pequena divergência entre irmãos ou houve realmente um incidente diplomático?

Agradável não foi, não é? Mas a vida continua. O Presidente Jair Bolsonaro é muito tranquilo no trato. Estamos a caminhar para a celebração dos 200 anos de independência do Brasil e estamos na expectativa de que venha o coração de D. Pedro I, como nós chamamos, D. Pedro IV para vocês. É talvez um momento oportuno para um encontro entre os dois Presidentes e deixarmos de lado este incidente diplomático. Mas quem vai ter de adotar essa posição é o próprio Presidente Marcelo e o Presidente Bolsonaro.

Mas depois deste episódio, o Presidente Bolsonaro vai estar disposto a receber o Presidente Marcelo em setembro a propósito dos 200 anos da independência do Brasil?

É difícil responder, porque não falo pelo Presidente Bolsonaro. Mas creio que ainda há espaço para esse encontro. Houve uma repercussão no Brasil, mas não foi assim tão grandiosa. Não foi um assunto assim tão comentado, até porque há outro que está mais em voga, relativo à delação de Marcos Valério que foi o operador de um esquema aqui no Brasil. O Marcos Valério tem vindo a falar sobre os envolvimentos de Lula no assassinato de um prefeito da cidade de Santo André, Celso Daniel. E denunciou que o PT lavava dinheiro para a maior organização criminosa do Brasil, o Primeiro Comando da Capital (PCC), chegando a ter milhões de reais para financiar campanhas de deputados e políticos do PT. Este assunto acabou por abafar o desconvite ao Presidente Marcelo.

Por cá, comenta-se que o Presidente Marcelo saiu com uma imagem ainda mais reforçada no Brasil. O próprio, na chegada, afirmou que nunca teve tantas selfies com brasileiros no Brasil. 

Não vi as selfies. Na verdade, e com todo o respeito ao Presidente de Portugal, duvido que a maioria dos deputados brasileiros saiba sequer o nome dele. Acho que está a mentir nessas declarações. Se queria tirar selfies e ver uma quantidade de pessoas a correr atrás de fotografias com alguém, podia ter ido numa motociata com o Presidente Bolsonaro. 

Este ‘desconvite’ prejudicou a imagem do Presidente Bolsonaro junto do povo brasileiro?

Os brasileiros não deram muita importância. Se a intenção do Presidente Marcelo era dar força ao Lula, não acredito que tenha conseguido o seu objetivo. 

Como ficam as relações entre os dois países, após este episódio? 

No Brasil tentamos ser pragmáticos. Não morremos de amores pelo Presidente da Argentina Alberto Fernández, que também visita Lula e faz campanha abertamente pelo Lula. Mas ainda assim, o Presidente Bolsonaro trata-o com respeito e permitiu, por exemplo, que a Argentina comprasse uma quota de gás que seria comprada pelo Brasil para que não houvesse falta de gás no país argentino. Não fazemos política com o fígado, conservando o rancor e ressentimentos, nem utilizamos os nossos cargos para tentar interferir nas eleições alheias. Acredito que esta é uma questão controlável e que Portugal e o Brasil podem voltar a ter uma relação nota dez. 

As relações bilaterais nunca estiveram tão distantes…

A partir do momento em que o Presidente de Portugal vem ao Brasil visitar o Lula, acho que do lado português falta pensar nessa relação, se realmente a levam a sério. Historicamente, os laços entre os dois países são muito fortes. Na nossa Constituição, consideramos o português quase como um brasileiro. Existe um procedimento único e rápido para que um português consiga a cidadania brasileira e ter os mesmos direitos dos brasileiros. Quando pensamos na relação com Portugal, não achamos que fomos colónia, mas que somos dois países que se respeitam. Devido a toda essa construção histórica, ao orgulho e honra que temos do passado, do nosso primeiro imperador ser D. Pedro I, aos grandes intelectuais do Brasil serem os nossos pais fundadores, como José Bonifácio  e D. Pedro II, enfim… temos muitas razões para termos uma relação melhor e que não é manchada por este incidente diplomático. 

O Brasil vai a eleições em outubro. Jair Bolsonaro reúne condições para ser reeleito?

Tem todas as chances. Acredito até que é favorito. 

Mas Lula é dado como estando à frente nas sondagens…

As sondagens não representam a realidade. Como disse, o Vox Populi foi comprado pelo PT, o Quest não faz sondagens onde Bolsonaro ganhou em 2018 e o Datafolha erra categoricamente muito mais do que acerta. Prova disso foram as eleições de 2014. A pesquisa de opinião que quero ver é na rua. Quero saber como é quando Lula vai para a rua. Lula disse que vai apoiar o aborto, que vai confiscar as armas dos brasileiros, armas essas que enquanto eram vendidas de maneira legal, vimos a maior redução na nossa história do número de homicídios. Em 2019, houve menos 21% de homicídios. Ele também diz que os polícias não são gente, que vai demitir oito mil militares. Porque eles roubaram? Não, talvez justamente porque não roubaram. Diz ainda que vai voltar a emprestar dinheiro para Cuba e Venezuela e a outros aliados socialistas, que vai criar a moeda única latino-americana, que vai nacionalizar as empresas que recentemente privatizamos. Mas parece que nada disso abala o Lula nas sondagens, pelo contrário, parece que o está a catapultar para ele sair vencedor nesta primeira volta. É uma loucura pensar que ele vai ganhar uma eleição quando ele nem sequer consegue sair às ruas. Onde Lula vai não há praticamente ninguém. Além disso, o Tribunal Superior Eleitoral tem trabalhado incessantemente contra eleições transparentes. O sistema eleitoral brasileiro funciona através de uma máquina, onde se carrega num número. Depois reza para Deus para que o voto seja bem contado na sala secreta em Brasília, onde estão 20 burocratas. Nós, os parlamentares, queremos que o povo brasileiro e a imprensa tenha acesso a essa contagem. E trabalhamos dentro do Congresso Nacional naquilo que ficou conhecido como o projeto de lei do voto impresso. Esse projeto chegou a ser aprovado no passado, mas o Supremo Tribunal Federal sempre o declarou inconstitucional com a desculpa esfarrapada de que esse sistema podia violar o sigilo do voto. Essa era uma proposta que era até para alterar a nossa Constituição, só que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral da época, que era o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, entrou no Congresso Nacional e interferiu no sistema legislativo. Falou com 11 presidentes de partido para votarem contra esse projeto. Da noite para o dia, de maneira milagrosa, o projeto foi sepultado, ou seja, acabou rejeitado. A última vez que o voto impresso foi aprovado no Brasil foi em 2017, com 433 votos dos 513 parlamentares. Aqui no Brasil para alterar a Constituição são apenas precisos 308 votos. Como em 2018 elegemos um Congresso mais conservador acho que havia uma margem para uma votação grande para aprovar o voto impresso. Mais uma vez o poder judicial interferiu no legislativo para fazer essa manobra. Quem julga os deputados e os senadores é o Supremo Tribunal Federal. Gostaria muito de ter acesso ao teor daquilo que foi conversado na reunião entre o ministro Barroso e os 11 presidentes de partido. 

Que marcas deixa o Presidente Bolsonaro nestes quatro anos de mandato?

O Brasil, depois de 2015 o último ano de normalidade de Dilma Rousseff, só agora é que conseguiu alcançar uma taxa de desemprego abaixo de 10%. Somente um ano após o início da pandemia, em fevereiro de 2021, o Brasil já tinha gerado mais empregos do que os empregos perdidos durante o início da pandemia. Fizemos reformas profundas durante a pandemia, como a lei do Banco Central Independente que dá garantias aos investidores e agentes de mercado. Conseguimos uma nova lei do gás, uma nova lei da liberdade económica, reduzimos as normativas do Ministério do Trabalho que eram mais de mil e passaram agora para apenas 15. Reduzimos burocracias, reduzimos impostos durante a pandemia, criamos o Auxílio Brasil, um sistema que beneficia o cidadão brasileiro mais pobre. A partir de agora, não há mais o requisito de não ter a carteira de trabalho assinada para receber o benefício, se hoje recebe o Auxílio Brasil e começar num trabalho formal ainda ganha um dinheiro extra. Ou seja, é um estímulo para que o brasileiro entre no mercado de trabalho formal. Mais, finalmente, no Brasil as empresas privadas podem explorar o serviço de água e saneamento. O maior sucesso dessa reforma foi o leilão das companhias de água e saneamento do Rio de Janeiro, que arrecadou mais de 5 mil milhões de dólares e outros 6 mil milhões de dólares em investimentos para os próximos anos. Podia continuar com uma longa lista, mas posso resumir a isto: o Brasil acabou a reverter a mentalidade sobre as privatizações e concessões. Agora, não há apenas a mera arrecadação para os cofres do Governo, preferimos deixar o dinheiro com a iniciativa privada para que seja reinvestido e dessa forma contribuir para a economia nacional. 

O Brasil tem a terceira maior inflação do G20. O que se avizinha para os próximos tempos não parece ser nada de bom…

A inflação está alta no mundo inteiro, é uma realidade que vem da pandemia, mas principalmente dos lockdowns. No Brasil, houve uma frase que ficou conhecida: ‘Fique em casa que a economia a gente vê depois’. O Presidente Bolsonaro sempre alertou para os problemas que poderiam vir dos confinamentos prolongados e no começo da pandemia muita gente como a oposição aproveitou isso para dizer que o Presidente Bolsonaro era negacionista, que não acreditava no vírus, etc. Agora, a realidade impõe-se. É engraçado ver as autoridades brasileiras que sempre disseram às pessoas para ficarem em casa virem agora dizer que a culpa da inflação é do Presidente. A inflação está alta no mundo inteiro. No começo da pandemia, a perspetiva de alguns organismos internacionais era de que o PIB do Brasil caísse 10%. No final das contas, o PIB do Brasil, em 2020, caiu apenas 4%. Países como Espanha, França, Japão, tiveram uma queda no PIB maior que a brasileira. Hoje em dia temos a perceção de que somos cada vez mais um porto seguro para o investimento. O real brasileiro tem conseguido uma valorização perante o dólar. Na questão económica acho que estamos a seguir o bom caminho, muito melhor do que países como a Argentina, que preferiu tomar políticas económicas intervencionistas e agora está até com dificuldades para conseguir combustível para abastecer os camiões que escoam os produtos agrícolas. 

O Brasil não é dos maiores parceiros de Portugal no que se refere a trocas comerciais. O antigo Presidente Cavaco Silva defendeu recentemente que mais importante que as relações de afetividade deveria haver um estreitamento das relações comerciais entre os dois países. Concorda?

Esse é um excelente conselho para dar ao Presidente Marcelo. Quando ele estiver no Brasil e quiser tratar de negócios com o nosso Governo, estamos de portas abertas. Agora, não dá para ele vir ao Brasil tratar de negócios com um ex-presidiário. Para que conste, eu sou um apaixonado por Portugal, fui para aí em Erasmus, estudei seis meses Direito na Universidade de Coimbra, fazia surf na Figueira da Foz, fui na Queima das Fitas de Coimbra, portanto, gosto muito da vossa terrinha. 

Em relação à CPLP, o Brasil tem dado passos para estreitar relações com outros países  que não Portugal. Nomeadamente nas questões comerciais são muito próximos de Angola. 

Em África, no geral, o Brasil coloca-se como o maior exportador do mundo em volume de alimentos.  Além disso, temos a possibilidade de nos colocarmos como o maior exportador  de tecnologia agrícola do mundo. África é um espelho do Brasil, no sentido de ter terras propícias à agricultura na mesma zona tropical. A tecnologia que utilizamos no Brasil pode ser perfeitamente utilizada em Angola e noutros países que não pertencem à CPLP, como é o caso do Sudão. Obviamente, que aí há problemas de instabilidade política mas dá para trabalhar nesta área. Recentemente, fui por duas vezes a Marrocos e existe um interesse em fazer esse intercâmbio, até porque o Brasil já tem boas relações agrícolas em Marrocos. Dá para fazer de África, assim como do Brasil, o celeiro do mundo. Essa seria a área onde concentraria os meus esforços.

Relativamente à guerra na Ucrânia, ao nível da geopolítica, fala-se no surgimento de uma nova ordem mundial e no papel central que os BRIC vão ter. 

De facto, a guerra na Ucrânia está de certa forma a reorganizar a geopolítica mundial. O maior interesse do Brasil é querer ter boas relações tanto com a Ucrânia como com a Rússia. Não pautamos as nossas relações internacionais com base em conflitos locais ou regionais. Em todos os locais existem determinados níveis de tensão. Quando o Presidente Bolsonaro visitou a Rússia, tratava-se de uma viagem que estava agendada há meses, mas coincidiu infelizmente de estar às portas da guerra rebentar. O Presidente Bolsonaro visitou o Presidente Putin para falar essencialmente sobre a questão dos fertilizantes, porque o potássio russo e bielorusso abastece a agricultura brasileira que é praticamente 100% dependente de importações de fertilizantes. O Presidente Bolsonaro conseguiu garantir a comida na mesa de todos os brasileiros, mas também de boa parte do mundo, visto que o Brasil é um país que alimenta mais de mil milhões de pessoas pelo mundo inteiro. Recentemente, a diretora da Organização Mundial do Comércio esteve no Brasil e disse que sem a agricultura brasileira o mundo passaria fome. São méritos que devem ser dados a um maestro chamado Jair Bolsonaro que não cedeu à pressão e conseguiu cumprir com a sua agenda pragmática e alcançar os seus objetivos. 

Mas o Brasil pode estar na vanguarda desta ‘nova ordem mundial’?

Quando ouço nova ordem mundial, na minha cabeça soam alertas de grupos milionários e grupos de interesse que pensam em colocar líderes socialistas no comando dos países. Nesse sentido de nova ordem mundial, o Brasil está fora. Nós prezamos o nacionalismo, defendemos a liberdade religiosa, apesar de sermos um país maioritariamente cristão, defendemos a família, à legítima defesa através das armas de fogo. O Brasil quer seguir essa tradição, nós somos conservadores, o que significa que somos reformistas. Não precisamos de uma nova ordem mundial, trabalhamos para ter um país pujante no setor agroalimentar e no setor da defesa. Essas são as vocações do Brasil e quem quiser cooperar e fazer parte da nossa carteira de valores é muito bem-vindo. Agora, uma nova ordem mundial em complô com outros países, visando interferir na comunidade internacional, não vejo o Brasil a ter essa função.