Nos últimos três anos, a PSP sinalizou 2300 idosos em risco no âmbito das atividades e ações de sensibilização junto da população senior. O balanço foi feito este domingo, a propósito do arranque, esta segunda-feira, da operação anual “A solidariedade não tem idade – A PSP com os idosos”. Na 11ª edição, o objetivo, diz a polícia, é “contactar e dialogar diretamente com os cidadãos com mais de 65 anos, visando detetar casos de fragilidade social, vulnerabilidade física e psíquica comprometedores da segurança e casos de suspeita de crimes de violência doméstica ou outros contra a vida ou integridade física, promovendo de imediato o necessário apoio e prevenindo a problemática do isolamento social em articulação com outras entidades, parceiras da PSP e com capacidade de intervenção neste domínio.”
A operação nas áreas de intervenção da PSP vai durar até setembro. No lançamento da iniciativa, a polícia sublinha que os dados provisórios dos últimos Censos mostraram que se agravou o “fenómeno do duplo envelhecimento da população idosa, com o aumento expressivo da população idosa e a diminuição da população jovem. Em 2021, a percentagem de população idosa representa 23,4% do total, enquanto que a dos jovens (0-14 anos) é de apenas 12,9%.”
Meio milhão de idosos vivem sozinhos em Portugal Os dados provisórios dos Censos, publicados no início do ano, mostraram que se em 2011, ano do recenseamento anterior, havia 2 010 064 portugueses com mais de 65 anos, são agora 2 424 122. Outro dado que saltou à vista na primeira bateria de dados dos Censos 2021, que ainda não detalha todos os indicadores, é que aumentou o número de pessoas que vivem em Portugal sozinhas, pela primeira vez mais de um milhão.
Uma grande fatia são idosos: embora ainda não haja dados exatos, é isso que mostram as estimativas dos últimos anos. Segundo a última análise comparativa publicada pelo Eurostat, em 2020, vivem sozinhos em Portugal 512 mil idosos (24,2%, 417 mil mulheres (têm maior esperança de vida que os homens e ficam mais vezes viuvas).
“Vítimas preferenciais” No lançamento da operação, a PSP chama a atenção para vários fenómenos: “Sabemos que o sentimento de insegurança incide de forma particularmente relevante sobre a população mais idosa, tanto em função das vulnerabilidades físicas, psíquicas e mentais que com a idade se vão agravando, com a consequente perda de autonomia e colocando estes cidadãos como vítimas preferenciais” e menos aptas à autodefesa”, refere o comunicado que dá o pontapé de saída na campanha. A PSP dá nota de um rol de crimes que têm os idosos como alvo: crimes contra o património (roubo, burla, extorsão), contra a liberdade pessoal (ameaça, coação, sequestro) e contra a integridade física (ofensa à integridade física, violência doméstica, maus-tratos), referindo ainda o flagelo da sensação de abandono e solidão. “
Sofrimento em silêncio A estas vulnerabilidades somam-se, diz a PSP, as de cariz económico, traçando um cenário duro: “frágeis condições de habitação, higiene, saúde pública, saúde individual (muitas vezes dependentes de medicação regular) ou alimentação. Todas estas condicionantes, sem um círculo familiar ou de vizinhança próximo e atento, potenciam situações de anonimato (sofrimento em silêncio) que inviabilizam eventuais intervenções de cariz assistencial e que a PSP, tanto por intermédio desta operação nacional, como por intermédio do trabalho diário do policiamento de proximidade, pretende reverter, contribuindo para reforçar a segurança destes cidadãos”, reforça.