O Ministério Público pediu ontem a condenação de todos os arguidos no caso E-Toupeira, que investigou uma rede que permitia ao Benfica aceder a processos judiciais relevantes para o clube.
Os funcionários judiciais José Augusto Silva e Júlio Loureiro são arguidos, juntamente com o ex-assessor jurídico do Benfica Paulo Gonçalves. A Benfica SAD também foi acusada mas acabou por ser ilibada na fase de instrução.
Nas alegações finais do julgamento, que arrancou em setembro, o procurador Luís Ribeiro considerou que o tribunal está “em condições de concluir que à atuação de Júlio Loureiro, em conjunto com José Augusto Silva, correspondeu como contrapartida de Paulo Gonçalves um tratamento preferencial, consubstanciado em bilhetes, convites, acesso ao parqueamento e merchandising do clube”.
“Espera-se que seja proferida decisão condenatória”, salientou o magistrado, citado pela agência Lusa, sem fixar a duração das penas mas diferenciando o grau de gravidade da conduta dos arguidos. Relativamente ao antigo assessor jurídico dos ‘encarnados’ e ao funcionário José Augusto Silva, o procurador mencionou um “elevado grau de ilicitude” e as “elevadas exigências de prevenção geral”. Já em relação ao funcionário Júlio Loureiro, Luís Ribeiro assumiu ter havido uma “intervenção mais limitada” nos factos que constam da acusação.
Já as defesas dos arguidos refutaram a grande maioria dos crimes que eram imputados e pediram a absolvição. “Atrevo-me a dizer que a prova cairá toda”, disse o advogado de Tiago Rodrigues Bastos, que representa Paulo Gonçalves, rotulando o caso de “uma mão cheia de nada” e invocando a suposta ilegalidade das escutas no início do processo. A leitura do acórdão ficou marcada para 4 de novembro, pelas 14h30.