Os manifestantes anti-Governo do Sri Lanka fizeram uma vigília na noite de sábado em memória daqueles que perderam as suas vidas durante os protestos que completam hoje 100 dias e que levaram à fuga do Presidente do país.
Embora os primeiros protestos tenham começado no final de março, quando a ilha sofreu cortes diários de energia com duração de mais de treze horas, não foi antes de 09 de abril que milhares de pessoas começaram a ocupar o Galle Face Park, em frente à secretaria presidencial em Colombo, exigindo a renúncia do chefe de Estado, Gotabaya Rajapaksa.
Barracas, casas de banho portáteis e todo o tipo de instalações foram colocadas no parque, que se tornou o epicentro da luta dos manifestantes contra o poder governamental.
Cem dias depois e apesar de os protestos já terem alcançado o seu principal objetivo, provocar a demissão de Rajapaksa, o local continua a atrair diariamente milhares de manifestantes que agora anseiam pela demissão do Presidente interino, Ranil Wickremesinghe.
"Dissemos (…) que expulsaríamos Gotabaya Rajapaksa antes do 100º dia. Nós conseguimos isso. Nós ganhamos muito durante esses 100 dias. Continuaremos a nossa luta", disse Manodhya Jayaratne, um dos manifestantes, à agência de notícias EFE.
"Agora estamos a dizer que vamos nos livrar de Ranil antes do 150º dia", acrescentou Jayaratne.
O caminho para conseguir a renúncia do Presidente foi nomeadamente pacífico, embora a ilha também tenha experimentado alguns dias especialmente violentos durante esses cem dias.
Desde a origem dos protestos, pelo menos nove pessoas morreram. Oito destas mortes ocorreram em 09 de maio, quando um confronto entre apoiantes e opositores do Governo desencadeou conflitos em todo o país, que resultaram também em mais de 200 feridos.
Dois meses depois, em 09 de julho, centenas de manifestantes invadiram as residências oficiais de Rajapaksa e Wickremesinghe, forçando o Presidente a fugir do país para as Maldivas e a anunciar a sua renúncia na sexta-feira em Singapura.
Wickremesinghe, que também havia declarado a sua intenção de renunciar ao cargo de primeiro-ministro, abandonou esta possibilidade depois de ser nomeado por Rajapaksa como Presidente interino.
Agora, no papel de Presidente interino até a eleição de um novo chefe de Estado em 20 de julho – cargo que será ocupado por um deputado eleito pelo parlamento para cumprir o mandato de Rajapaksa -, Wickremesinghe tornou-se o foco de protestos em massa.
A atual crise política no Sri Lanka é consequência do desastre económico do país, que vive atualmente a pior situação de sua história desde a independência do Império Britânico em 1948.