O Algarve é, por excelência, uma das principais escolhas para quem gosta de praia, sol e muita atividade durante os meses do verão. A faixa sul do país é o destino de férias de milhares de portugueses, mas também de estrangeiros que viajam desde Inglaterra, Alemanha ou Espanha para beneficiar das paisagens, do ambiente e de tudo aquilo que esta região tem para oferecer.
Os mais distraídos nem reparam que o Algarve é dividido em duas regiões: o Barlavento, entre a Vila do Bispo e Albufeira, e o Sotavento, que se estende a partir dessa localidade até à fronteira em Vila Real de Santo António.
Cada uma com as suas zonas fascinantes e chamativas, o Barlavento Algarvio é, sem dúvida, uma das regiões mais chamativas do país para quem procura algo novo, ou então só para descansar e curar o stresse de todo um ano de trabalho. E as opções são várias.
A mais óbvia é, no entanto, as suas praias: Na Vila do Bispo, por exemplo, encontra-se a praia do Burgau, que muitos apelidaram de ‘Santorini portuguesa’. Isto pelas semelhanças entre o ‘casario’ do Burgau, branco como a cal, com toques de azul, assemelhando-se à ilha grega também ela conhecida por esta paisagem.
Este é um dos encantos do Barlavento Algarvio, e é certo que encontrar alojamento não é fácil, uma vez que a vila é relativamente pequena, guardando ainda vários vestígios da forte atividade piscatória que marcou a sua história.
Vale, no entanto, a pena uma visita, nem que seja para aproveitar o facto de a praia ser ‘protegida’ por montes que eliminam o vento tão típico das praias do Barlavento.
Se é exatamente isso que procura, no entanto, é em Sagres que os visitantes encontram um dos pontos mais interessantes a visitar nesta região do Algarve. Todos os anos, a Fortaleza de Sagres enche-se de visitantes, curiosos sobre o passado histórico desta edificação militar, cuja construção data do século XV, e que, em 2018, foi o monumento mais visitado no Algarve.
Um ano positivo
Ao Nascer do SOL, João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, mostrou-se deleitado com a procura que a região tem tido no último ano, considerando fazer-se um balanço «muito positivo, sobretudo se tivermos em consideração os constrangimentos vividos nos últimos dois anos». «No 1.º semestre deste ano, o Barlavento algarvio registou uma taxa de ocupação global média por quarto muito próxima da verificada no 1.º semestre de 2019, o melhor ano turístico de sempre no Algarve e em Portugal», explica João Fernandes, contando que «na zona Lagos-Sagres, a taxa de ocupação nos primeiros seis meses do ano superou mesmo os valores de 2019, o que é um resultado muito promissor para o resto do ano».
A pandemia foi o grande ‘carrasco’ do turismo nos últimos anos, mas João Fernandes realça ter sido possível «impedir um esperado aumento do desemprego e das falências das empresas». Como? Através de «apoios do Estado que fizeram efeito tampão a esse impacto, o que foi muito meritório».
O Barlavento Algarvio é uma região vasta, com vários pontos de interesse, mas o presidente da Região de Turismo do Algarve realça aqueles que, segundo os dados dessa instituição, foram os mais procurados: «Além de Portimão, Lagos, Sagres, Monchique, Silves e a Costa Vicentina são os principais polos turísticos nesta área da região, seja pelo sol e mar, surf, turismo cultural, turismo de natureza ou até mesmo pela gastronomia e vinhos», defende, realçando «a prática de atividades ao ar livre como o ciclismo, as caminhadas, o golfe ou os desportos náuticos, a oferta de experiências em territórios rurais, de baixa densidade populacional, ou a diversidade das paisagens naturais da região» como as atividades mais chamativas para além das praias. «São fortes atributos do Algarve, propícios ao distanciamento e ao contacto com a natureza, atualmente muito valorizados por quem viaja. Paralelamente, a gastronomia, as tradições e o património da região, que atestam a autenticidade da oferta do destino, assumem um papel de grande relevância na oferta do Barlavento algarvio», completa ainda João Fernandes.
«O Barlavento algarvio destaca-se pela grandiosidade da sua oferta ao nível do seu património cultural e natural, mas também pelas experiências que podem ser vividas na costa algarvia ou à mesa para provar os sabores da gastronomia típica algarvia», continua o presidente da Região de Turismo do Algarve, destacando «Lagos, onde todos os monumentos imortalizam os Descobrimentos Portugueses, o Convento da Nossa Senhora do Desterro, em Monchique, o moinho de vento de Odeceixe, mas também os castelos de Aljezur, Silves e Paderne, a fortaleza de Sagres ou até mesmo a capela dos ossos, em Alcantarilha».
Praia, praia e mais praia
O grande chamariz do Algarve – e do Barlavento – é, sem dúvida, a praia. São mais de 100 quilómetros de costa: desde a praia da Luz, não muito longe de Lagos, a Meia Praia, Alvor e a Rocha, até à Praia dos Salgados, em Armação de Pera, ou a Praia da Oura, em Albufeira.
Urbanismo
Mas nem só de praia se faz o Barlavento Algarvio. Esta região do país é também lar de várias curiosas e pitorescas cidades e aldeias, cada uma com o seu encanto próprio, convidando todos os anos os visitantes a descobrir os seus recantos.
Fale-se, por exemplo, de Lagos, uma cidade velha, com muita história, pequenina mas caricata. Bastará uma visita à praça de Gil Eanes para perceber o que se quer dizer com ‘caricata’. Pequenina, rodeada das tendas dos comerciantes locais, esta praça é uma das mais icónicas desta cidade, mas não a única: mais abaixo, a praça Infante Dom Henrique e o Jardim da Constituição servem de postal para Lagos, a cidade que existe – com um nome ou com outro – desde cerca de 2000 a.C., altura em que os cónios fundaram Lacóbriga, a primeira localidade nesta região de que há registo.
Lagos é indissociável do imaginário dos Descobrimentos, e a sua posição estratégica valeu-lhe mesmo o título de capital do Reino dos Algarves, no século XV. Não se fala de Descobrimentos e de colonização sem se falar, no entanto, de escravatura, e a história desta cidade também está fortemente ligada a este mundo. Mas, para saber melhor sobre isso, a principal sugestão é visitar o Mercado de Escravos, um edifício histórico na praça Infante Dom Henrique localizado precisamente no mesmo local onde, em 1444, foi fundado o primeiro mercado de escravos na Europa, pelo menos na era moderna. Hoje em dia, está incluído na Rota da Escravatura, e tem uma exposição sobre o tema.
É mais a oriente, no entanto, que se encontra a principal cidade do Barlavento Algarvio: Portimão. Esta é considerada a capital desta região algarvia, e guarda em si a principal concentração de serviços, bem como de oferta cultural e desportiva.
Que o digam os adeptos do Portimonense, que todos os meses de agosto se deleitam com o arranque de mais uma temporada desportiva. E este ano não será exceção: o primeiro jogo da equipa será em casa, frente ao Boavista, a 7 de agosto.
Mas não só de futebol se faz Portimão. Esta cidade é casa de um dos maiores locais de espetáculos do Algarve. A Portimão Arena tem capacidade para acolher até 3 mil pessoas e recebe todos os anos os mais variadíssimos espetáculos, entre eles o Europeu de Danças de Salão Profissionais Latinas, que decorre a 30 de julho.
E já que se está a falar de cidades no Barlavento, interessa também referir o centro de Armação de Pêra que, apesar de ser uma localidade relativamente pequena, tem um estilo de promenade muito propício a passeios de final de dia, com aquela típica brisa de verão, ziguezagueando entre as esplanadas cheias de vida e, do outro lado, a praia homónima. Fala-se, claro, da Avenida Beira Mar, local icónico desta localidade frente ao Atlântico.
Algarve também é serra
Mas desengane-se quem pensa que o Barlavento é só costa e praia. Basta aventurar-se uns poucos quilómetros para o ‘interior’, onde se encontram algumas das pérolas escondidas desta região, em plena serra de Monchique, por exemplo. Por lá, e apesar de este local ter sido fustigado em 2018 por uma onda de incêndios, encontram-se algumas das vistas mais invejáveis de todo o Algarve. E mais: as caldas de Monchique são também um dos grandes chamarizes desta serra algarvia que se estende ao longo de mais de 170 quilómetros de isolamento topográfico.
Desde o Neolítico que há presença humana nestas caldas, segundo contam relatos de vários arqueólogos, que, ao longo dos anos, foram descobrindo vários dólmenes nesta localidade.
Se bem que a grande ‘fama’ destas Caldas surge no século XV, quando o Rei D. João II decidiu por lá fazer tratamentos termais.