14 de julho, pico do calor, foi o dia com mais mortes este ano

Número de mortes foi atualizado esta terça-feira, tornando a última quinta-feira o dia com mais óbitos em Portugal este ano. Mortalidade aproxima-se da de 2021 com metade das vítimas de covid.

A mortalidade tem sido muito elevada em julho. A Direção Geral da Saúde já admitiu uma relação com a última onda de calor, depois de junho e maio com níveis particularmente elevados de mortalidade, mas ainda não houve uma análise detalhada das causas de morte que mais têm aumentado. A monitorização do Sistema Nacional de Vigilância de Mortalidade (EVM), que o i consultou, revela que o dia 14 de julho registou, até à data, o maior número de mortes este ano. Ontem estavam contabilizados 440 óbitos em todo o país e esta terça-feira o balanço foi já atualizado para 451 vítimas mortais, sendo o dia com mais óbitos em Portugal este ano. Até aqui, os dias com mais vítimas mortais tinham sido 1 de fevereiro, com 445 mortes e 2 de fevereiro, com 440 mortes.  

No verão, são esperadas no país 250 a 300 mortes diárias, com a mortalidade tipicamente mais elevada nos meses de inverno.

Às ondas de calor estão associados mais episódios de desidratação e acidentes cardiovasculares, mas ao fim de dois anos de pandemia, a descompensação de base de doentes crónicos tem sido um dos fatores apontados por especialistas para a elevada mortalidade que se tem registado no país, a par da covid-19, que regista agora o menor número de óbitos dos últimos meses.

Apesar do pico de mortes, a mortalidade registada nesta onda de calor não atingiu os recordes de agosto de 2018, quando chegaram a registar-se mais de 500 óbitos num dia de verão de temperaturas extremas. Mas com o excesso de mortalidade a repetir-se, 2022 aproxima-se da mortalidade recorde do ano passado, apesar de ter registado muito menos mortes por covid-19 no início do ano face a 2021. 

Até este domingo registaram-se em todo o país 69 988 óbitos, quando no ano passado morreram até à mesma data, 17 de julho, 72.132 pessoas em Portugal. A diferença está no que se está a passar no país desde maio, com vários períodos de excesso de mortalidade, inicialmente associados à sexta vaga de covid-19, que vitimou muito mais pessoas do que na primavera e início do verão do ano passado, e depois com períodos de calor. 

No final de abril, passado o período mais crítico do inverno no que toca a doenças respiratórias e impacto do frio, a mortalidade registada este ano era 14% inferior à do ano passado e dentro da média dos últimos cinco anos.

Atualmente, a mortalidade já é apenas 3% inferior à do ano passado e superior a todos os anos anteriores à exceção de 2021, o ano mais negro em termos de impacto da pandemia. A covid-19 explica, usando como referência os balanços oficiais da DGS e a mortalidade global do país, 7,8% das mortes registadas este ano em Portugal até dia 17 de julho. No ano passado, por esta altura, representava 14% das mortes. Tinham morrido mais de 10 mil pessoas com covid-19 nos primeiros meses do ano, quando este ano se registam até à data 5501 óbitos associados diretamente à pandemia.

Excesso de mais de 500 mortes Segundo a vigilância do EVM, só nos últimos sete dias registaram-se mais 523 mortes do que seria expectável. No dia 14 de julho, o pior, o excesso de mortalidade chegou a ser de 61% face ao histórico. 

Notícia atualizada às 11h50 de dia 19 de julho, para referir o novo balanço do EVM para o dia 14 de julho.