No primeiro semestre deste ano, a Galp teve lucros extraordinários de 422 milhões de euros, e o facto fez de pronto várias vozes da esquerda portuguesa pedir medidas para intervir.
“Quando os combustíveis aumentam, quando o país empobrece, quando os salários perdem valor, ter esta dimensão de lucros da Galp é obsceno e um achincalhamento dos sacrifícios que o país está a passar” afirmou Pedro Filipe Soares, líder do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, em conferência de imprensa realizada ontem, na Assembleia da República. O deputado bloquista vincou que este lucro foi obtido “num período em que os combustíveis ficaram mais caros” e que a mesma Galp afirma que este resultados decorrem das “condições favoráveis do mercado”.
Neste âmbito, o líder parlamentar do BE apontou armas ao Governo, apelando, por um lado, a que aja sobre a margem dos preços dos combustíveis. O Executivo de António Costa, argumenta Pedro Filipe Soares, tem “os instrumentos jurídicos” para o fazer, relembrando que “dia após dia há abuso na formação do preços dos combustíveis”.
Por outro lado, o dirigente bloquista exortou o Governo a fazer o que “países como Itália, Reino Unido ou Espanha fizeram”: “taxar estes lucros extraordinários”.
PCP quer taxas À ‘festa’ juntou-se também o PCP. Através de um comunicado publicado no seu website oficial, apelou ao Governo para que avance com uma “taxação extraordinária dos lucros extraordinários que as petrolíferas estão a realizar com a especulação, a guerra e as sanções”, bem como com a “fixação de preços máximos para os combustíveis”.
“Os lucros da Galp deste primeiro semestre têm causado justa indignação. São 420 milhões de euros num único semestre, um número impressionante, um aumento de 153% face aos números já extraordinários do primeiro semestre de 2021”, acusam os comunistas, que pedem também o “fim da dupla tributação do IVA sobre o ISP” e a “recuperação do controlo público da Galp”.
“Estes resultados da Galp, que contrastam com as dificuldades que estão a ser impostas ao povo português, mostram que é mesmo preciso romper com a política de direita, como o PCP vem alertando de há muito”, argumenta o partido.