O preço da energia vai continuar elevado. A garantia foi dada pelo CEO da EDP, apesar de garantir que o sistema elétrico português está a mostrar uma grande resistência à crise energética. Miguel Stilwell d’Andrade disse, no entanto, que a produção hidroelétrica vai ficar abaixo dos valores normais, uma vez que, vai ser necessário recuperar de um grau de armazenamento muito baixo provocado por um ano historicamente seco.
Estas garantias foram dadas aos analistas, um dia depois de a elétrica ter apresentado os resultados semestrais, cujo resultado caiu 11% em termos homólogos, para 306 milhões de euros. Também aí, a EDP tinha admitido que a atividade tinha sido marcada pela positiva, «pelo forte desempenho das renováveis em termos globais e das redes de eletricidade no Brasil», mesmo depois de ter sido «fortemente penalizado pela seca extrema em Portugal num período de elevados preços de eletricidade no mercado grossista, o que resultou num resultado líquido negativo de 111 milhões, em Portugal no primeiro semestre do ano».
Já nos três primeiros meses do ano, a energética tinha registado um prejuízo de 76 milhões de euros, uma redução de 256 milhões de euros em termos homólogos, devido ao forte aumento do custo da eletricidade vendida, que não foi repercutida na carteira de clientes.
Agora, num balanço em relação aos primeiros seis meses, a empresa liderada por Miguel Stilwell d’Andrade revelou que o investimento aumentou 23% para 1,7 mil milhões, dos quais 97% em energias renováveis e redes de eletricidade, «num forte alinhamento com a transição energética», acrescentando que, nas energias renováveis, nos últimos 12 meses, a EDP instalou +2,5 GW de capacidade. E revelou também que 75% da produção de eletricidade teve origem em energias renováveis, «apesar do aumento da produção térmica ibérica para compensar a menor produção hídrica».
Os custos financeiros líquidos subiram de 130 milhões de euros para 385 milhões de euros, enquanto o custo médio de dívida aumentou para para 4,5%, enquanto a dívida líquida totalizava 14,2 mil milhões, «devido à aceleração do investimento, principalmente nas energias renováveis e nas redes de eletricidade que mostram como a empresa está a executar o plano estratégico 2021-2025, assim como valorização das moedas norte-americana e brasileira».
Também esta semana, a EDP Renováveis (EDPR) apresentou 265 milhões de euros de lucros nos primeiros seis meses do ano, uma subida de 87% face a igual período do ano passado. A empresa justificou estes resultados «robustos» com o aumento dos preços de venda e de produção de energia.
As receitas foram de 1.237 milhões e aumentaram 45% em relação ao primeiro semestre do ano passado. A elétrica lembra que o preço médio de venda subiu 27%, «maioritariamente devido aos preços de mercado na Europa e a atualização do quadro regulatório em Espanha».
O EBITDA – resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações – foram de 976 milhões de euros, mais 49% do que nos primeiros seis meses de 2021, «como resultado do forte desempenho ao nível de receitas».
A dívida líquida da empresa era, em junho deste ano, 5.234 milhões de euros, mais 2.300 milhões do que no final do ano passado, um aumento que a EDP Renováveis diz refletir «o forte crescimento dos investimentos» e «a caixa gerada por ativos e a estratégia de rotação de ativos».
A EDPR destacou a maior produção de energia nestes seis meses devido «à capacidade instalada adicional e melhor recurso renovável» e indicou ter atingido em junho deste ano «o seu nível máximo histórico de capacidade em construção, suportada pela nova capacidade a ser adicionada em 2022 e 2023».
A REN também fechou este semestre no verde, apesar de reconhecer que foi um período «caracterizado por desafios operacionais importantes, nomeadamente, o eclodir da guerra na Ucrânia em fevereiro, a pressão sobre o abastecimento de gás natural na Europa, a situação grave de seca e o acelerar do ritmo de desenvolvimento de novas infraestruturas de suporte à transição energética». Mas apesar destes entreves, os lucros subiram 16% para 45,9 milhões de euros.
Ainda assim, a empresa admitiu que os resultados foram penalizados por um recuo nos incentivos regulados na eletricidade (-9,7milhões) e pelo aumento dos custos operacionais (+2,3 milhões), relacionado com o crescimento dos custos com a eletricidade (+5,3 milhões). Assistiu-se ainda um aumento dos impostos, para os 53,2 milhões (+6,3%), que incorpora um acréscimo de 0,9 milhões na Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energético (CESE).