Empréstimos. Bancos deram quase 70 milhões por dia em junho

Valores surgem numa altura em que os principais bancos apresentaram lucros de perto de 1300 milhões de euros, nos primeiros seis meses do ano.

Os bancos concederam 2097 milhões de euros de novos empréstimos aos particulares em junho. Os dados foram revelados pelo Banco de Portugal (BdP) e, feitas as contas, dá uma média de 69,9 milhões por dia. Ainda assim, a entidade liderada por Mário Centeno mostra que houve um decréscimo de 105 milhões de euros face ao mês anterior. “Em junho, os bancos concederam 2.097 milhões de euros de novos empréstimos aos particulares, menos 105 milhões de euros do que em maio: 1.399 milhões de euros de crédito à habitação, 484 milhões de euros de crédito ao consumo e 213 milhões de euros de crédito para outros fins”, disse o banco central.

Os valores registados em maio tinham sido, respetivamente, 1.492, 511 e 199 milhões de euros. 

De acordo com o supervisor da banca, a taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação subiu para 1,47% (1,28% em maio), em linha com a subida das taxas Euribor. Nos novos empréstimos ao consumo, a taxa de juro média diminuiu para 7,78%, (7,86% em maio).

Recorde de lucros Estes dados foram revelados depois de os seis maiores bancos – Caixa Geral de Depósitos, Millennium BCP, Novobanco, Santander Totta, BPI e Banco Montepio – ter no total apresentados lucros de 1292,8 milhões de euros, nos primeiros seis meses do ano. O ranking é liderado pela CGD com resultados consolidados de 486 milhões, mas o Novobanco foi o que apresentou lucros maiores dentro dos privados ao apresentar resultados de 266,7 milhões de euros, acima do Santander Totta (241,3 milhões), do BPI (201 milhões); do BCP (74,5 milhões de euros) e do Banco Montepio (23,3 milhões).

No entanto, em comparação com igual período do ano passado, a maior subida coube ao BCP, cujos lucros disparam 500% mas, ainda assim, mais baixos em relação aos seus concorrentes. Também o Montepio apresentou uma evolução significativa ao passar de perdas de 33 milhões no primeiro semestre de 2021 para lucros de 23,3 milhões no primeiro semestre deste ano.

Mais uma vez e, seguindo a fórmula de anos anteriores, as comissões voltaram a disparar, enquanto a estrutura bancária (trabalhadores e balcões) estabilizou.

É certo que os aumentos das comissões voltaram a fazer soar alarmes junto da Deco Proteste, que tem vindo a alertar para o facto de as comissões terem subido de forma mais significativa nos produtos e serviços relativos à movimentação das contas à distância cuja utilização tinha sido incentivada durante os períodos de confinamento e de restrições à mobilidade, implementados no ano anterior.

“Já num estudo deste ano voltámos a a reiterar estas conclusões, demonstrando ainda como as comissões nos produtos e serviços mais usados tinham aumentado quase 50% na última década, nos 5 principais bancos nacionais. Com a crescente digitalização na banca, fortemente impulsionada pelo contexto vivido nos últimos dois anos, são cada vez mais injustificáveis estes aumentos que historicamente sempre superaram muito os valores da inflação. Acrescenta-se ainda que a necessidade de possuir e movimentar uma conta à ordem é, cada vez mais, imprescindível, fruto de diversas exigências, incluindo do próprio Estado”, refere. 

E face a esse cenário, “continua a exigir o fim das comissões de manutenção e o acesso a uma conta de serviços mínimos para todos, independentemente do números de contas bancárias que possua. Só desta forma, o encargo para as famílias relativamente à utilização de produtos e serviços bancários poderá diminuir e não constituir um peso crescente nas carteiras das famílias portuguesas, principalmente no presente contexto de aumento significativo do custo de vida e dos juros”.