Em sintonia com Espanha e outros países europeus, o Governo de António Costa prepara-se para adotar um pacote de medidas de combate à crise energética que se vive por todo o continente (ver página 32). Isto em sintonia com as metas acordadas em Bruxelas, que pediu aos 27 membros da União Europeia uma “redução de 15%” no consumo total de gás, a começar já neste mês, prevendo um eventual corte “abrupto e unilateral” do abastecimento do gás proveniente da Rússia.
Como tal, o Executivo liderado por António Costa pediu à Agência para a Energia (ADENE) um “plano de poupança de energia e eficiência hídrica”, que inclua metas, objetivos, medidas detalhadas e o seu respetivo impacto, de modo a que o país possa cumprir a sua parte do acordo. A informação foi avançada pelo Público e pelo Expresso, que dão conta que as medidas terão impacto em vários setores, desde os serviços da administração pública até às empresas privadas, serviços, comércio, indústria e até nos consumidores individuais.
tal como Espanha As medidas deverão ser semelhantes àquelas já adotadas em Espanha, onde se prevê uma redução do consumo total de gás na ordem dos 7% – tal como deverá acontecer em Portugal. Fala-se, entre outras medidas que estão sobre a mesa, reduções na utilização do frio nos supermercados, ao ar condicionado nos centros comerciais e ao aquecimento na hotelaria.
polémica com a endesa O anúncio das medidas que estão a ser preparadas pelo Governo surge ao mesmo tempo que a Endesa, no âmbito da polémica sobre o anunciado aumento de 40% na conta da eletricidade – enviou uma mensagem aos seus clientes, onde garante que vai manter o preço da energia até ao final do ano. “Vimos por este meio informar que a Endesa não irá aumentar os preços de eletricidade do mercado residencial até ao final do ano e garantir-lhe que as condições do seu contrato irão manter-se, tal como indicamos no momento da sua contratação”, diz a mensagem intitulada “mantemos o seu preço de energia até ao final do ano”.
prevenção e ignorância A polémica em torno da Endesa levou o gabinete de António Costa a emitir um desmentido e o primeiro-ministro reiterou a posição ainda ontem, garantindo que o comunicado pretendia “condicionar o pagamento de faturas emitidas” pela elétrica espanhola pelos serviços da administração direta e indireta do Estado, sendo a intenção é apenas “preventiva”, segundo avançou fonte oficial de São Bento ao Observador. “Não há alteração ao que está contratado”, garantiu ao jornal o gabinete do PM, argumentando que “há uma mudança no que respeita ao procedimento interno de validação de pagamento, preventivo face a eventuais práticas especulativas”.
Também ontem, Nuno Melo, líder do CDS-PP, se pronunciou sobre a polémica, em comunicado, criticando: “Não é a primeira vez, nem será provavelmente a última: Portugal tem um primeiro-ministro que com uma mão aponta empresas a dedo (Galp e Endesa) e com a outra escolhe os benefícios que dá a algumas (Efacec)”.
Mais, Melo considerou que “não há um só português que conheça exatamente as contas do acordo peninsular sobre o gás e muito menos os termos comparativos da negociação entre Portugal e Espanha com a UE” e que “a oposição que está no Parlamento nem denuncia, nem pergunta”.