As seguradoras estimam pagar oito milhões de euros em indemnizações relativas aos incêndios ocorridos durante o estado de contingência e de alerta decretado no passado mês de julho.
Leiria foi o distrito com mais sinistros participados, mas, naquilo que concerne os sinistros que envolvem maiores prejuízos, a lista é encabeçada pelos distritos de Aveiro e Faro. O inquérito levado a cabo pela Associação Portuguesa de Seguradores (APS) junto das empresas suas associadas mostra ainda que a quase totalidade dos prejuízos reportados diz respeito a seguros de multirrisco, tanto de comércio e indústria (49%) como de habitação (37%).
“A situação que o país atravessou recentemente, e a frequência cada vez maior dos eventos climáticos que estão na sua origem, reforçam a importância do seguro enquanto elemento de mitigação das perdas sofridas e fator de estabilidade da vida das pessoas e das empresas”, disse José Galamba de Oliveira, Presidente da APS. O ano corrente, segundo dados apurados até 31 de julho pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), registou o quinto valor mais elevado em número de incêndios e o terceiro valor mais elevado de área ardida, desde 2012.
O mês passado constituiu aquele que apresentou maior número de incêndios rurais, 40% do total, sendo também o mês de mais área ardida, 46.996 hectares, o que corresponde a 81% de toda a área ardida registada este ano. Os cinco maiores incêndios deste ano ocorreram todos em julho. O mais devastador, a 17 de julho, consumiu 7.058 hectares no concelho de Murça, Vila Real.
De seguida, foram os incêndios de Pombal, Leiria, com 5.126 hectares de área ardida (em 08 de julho), o de Chaves, Vila Real, a 15 de julho, com 3.368 hectares ardidos, e nos lugares abaixo temos Carrazeda de Ansiães, Bragança, a 7 de julho, com 3.330 hectares ardidos, e Ourém, Santarém, que ocorreu nesse mesmo dia, tendo destruído 2.936 hectares.
Os danos provocados pelos incêndios de 2017 Apesar de estes valores nem sempre serem veiculados, o ano mais penalizador para as seguradoras terá sido 2017. Só os dias 15 e 16 de outubro custaram mais de 200 milhões de euros em indemnizações, um terço do valor global de 517 milhões de euros pagos por causa de catástrofes desde 2006, como noticiava então o Diário de Notícias, que teve acesso aos dados da APS.
O incêndio de Pedrógão Grande – que provocou 65 mortes e 14 feridos em junho -, deu azo a 22,4 milhões de euros em indemnizações, enquanto os de outubro eram ainda provisórios mas superavam os 141 milhões de euros pagos às vítimas da tempestade que varreu a Madeira em 2010.
Se recuarmos ainda mais no tempo, até junho desse ano, concluímos que os incêndios que deflagraram no decorrer do mesmo, nos concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, geraram indemnizações no valor total de 21,7 milhões de euros (dos sinistros participados, 432 correspondiam a sinistros cobertos por apólices de seguro).
A maioria deste montante não foi pago de imediato, sendo que, no mês seguinte, havia 29 processos de sinistro abertos com 14,7 milhões de euros de danos já apurados (seguros de multirriscos comércio e indústria). Foi na sequência dos fogos de junho e outubro, no Pinhal Interior Norte, que foi criada a Comissão para Avaliação dos Pedidos de Indemnização (CPAPI), que avaliava os pedidos de indemnização referentes a danos patrimoniais ou não patrimoniais resultantes dos incêndios ocorridos entre 17 e 24 de junho e 15 e 16 de outubro de 2017.
Entre esta sucessão de acontecimentos e o ano de 2022, outras catástrofes obrigaram as seguradoras a pagar indemnizações de elevado valor. Em agosto de 2018, a APS esclarecia que os danos apurados e cobertos por seguros na sequência do incêndio na serra de Monchique – entre 3 e 10 de agosto – ultrapassavam os dois milhões de euros. “Registaram-se no total 118 sinistros cobertos por apólices de seguro, a que corresponde um valor agregado de danos (pagos ou provisionados) de 2.108.484 de euros”, divulgava a associação com base num inquérito semelhante àquele que fez agora.
Naquela data, do total de sinistros, 100 estavam relacionados com seguros de habitações e 11 com seguros de atividades comerciais e industriais. Relativamente às indemnizações pagas, 1,7 milhões de euros foram destinados aos danos em habitações e 269 mil euros aos danos em estabelecimentos comerciais e industriais.