Depois de diversos ataques e explosões nas últimas duas semanas na Península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, alertou os cidadãos ucranianos nesta região para evitarem aproximar-se de bases militares russas.
“Peço a todo o nosso povo na Crimeia, nas outras regiões no sul do país, nas zonas ocupadas em Donbass e em Kharkiv que tenham muito cuidado. Por favor, não se aproximem das instalações militares do exército russo e de todos os locais onde armazenam munições e equipamento”, disse Zelensky durante o seu discurso noturno à nação.
Segundo as autoridades russas, estas explosões, que aconteceram em bases militares e depósitos de munições, terão ocorrido devido a “sabotagens”. Apesar da autoria destes ataques não ter sido oficialmente confirmada, autoridades de Kiev sugerem que podem ter sido obra de guerrilheiros encorajados pelos recentes sucessos de mísseis guiados da Ucrânia, ou o produto de divergências dentro das forças armadas russas.
O Presidente ucraniano, que alertou para os novos relatos que surgem “todos os dias e todas as noites” de explosões em território ocupado pela Rússia, sugere ainda que a razão para estas explosões poderá ser “desleixo”.
“As razões das explosões em território ocupado podem ser diversas, muito variadas” e em algumas situações são resultantes do “desleixo” das tropas, argumentou Zelensky.
O Guardian sugere ainda, depois de ter falado com um ex-alto funcionário ucraniano, entrevistado sob condição de anonimato, que “a Ucrânia tinha ativos de inteligência trabalhando profundamente atrás das linhas inimigas”.
O Presidente ucraniano explicou que todos estes ataques pretendem o mesmo: destruir a logística dos ocupantes, as suas munições, o seu equipamento militar e os seus postos de comando, salvaguardando as vidas do povo ucraniano.
“E a fila sobre a ponte para sair da Crimeia em direção à Rússia mostra que a grande maioria dos cidadãos do Estado terrorista já compreende, ou pelo menos sente, que a Crimeia não é um lugar para eles”, afirmou o chefe ucraniano, referindo-se às recentes explosões na península que causaram a partida apressada de vários russos.
Contudo, apesar destes alertas de Zelensky, a Rússia afirma ter neutralizado a célula “terrorista” na Crimeia, com um alto funcionário da Crimeia a afirmar que o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) prendeu os membros de uma célula composta por seis pessoas.
“Todos estão detidos. As atividades dos terroristas foram coordenadas, como seria de esperar, a partir do território do estado terrorista da Ucrânia”, escreveu o funcionário, Sergei Aksyonov, no Telegram, acrescentando que os suspeitos pertenciam ao grupo Hizb ut-Tahrir, um grupo islâmico que é proibido na Rússia.
A Ucrânia não prestou comentários sobre estas declarações.
Apesar dos relatos dúbios, uma coisa parece ser certa: as autoridades russas estão cada vez mais preocupadas com os contra-ataques ucranianos e com a segurança na Crimeia depois da explosão que ocorreu na terça-feira e que fez uma vítima mortal, uma fonte dos serviços de inteligência britânica.
O Ministério da Defesa escreveu no Twitter que as autoridades russas e ucranianas admitiram que um depósito de munição explodiu na terça-feira perto de Dzhankoi e perto da Base Aérea de Gvardeyskoye, onde existem dois importantes aeródromos militares russos na Crimeia, algo que deixa os comandantes russos “cada vez mais preocupados”.