O ex-primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, pode vir a ser detido pelas autoridades segundo a legislação antiterrorismo depois de fazer um discurso inflamado aos seus apoiantes.
Um relatório preliminar foi apresentado à polícia no domingo, o primeiro passo de um processo que poderá levar a acusações formais e até à detenção.
Esta situação surge numa altura em que se vive um escalar da tensão política no Paquistão. O executivo de Khan foi derrubado em abril, depois do parlamento ter aprovado uma moção de censura, e, desde então, o político, antigo jogador de críquete, tem realizado grandes comícios em todo o país para pressionar a frágil coligação governamental.
Depois da ordem de detenção ter sido decretada, centenas de apoiantes de Khan concentraram-se em frente da mansão do ex-primeiro ministro para evitar que este fosse preso.
Os manifestantes gritavam palavras de ordem contra o atual governo do primeiro-ministro Shehbaz Sharif, irmão do ex-primeiro-ministro preso, Nawaz Sharif, que assumiu o governo depois de Khan ter sido deposto.
O governo federal, formado por uma coligação de partidos que removeu Khan do cargo de primeiro-ministro, já se encontrava sob pressão, uma vez que está a tentar implementar reformas económicas duras e impopulares para evitar uma crise financeira.
O partido de Imran Khan, o Pakistan Tehreek-e-insaf, considerou as últimas acusações contra o líder infundadas. “Temos sérias reservas quanto a este movimento de motivação política que está a aumentar a instabilidade no país”, disse o partido numa declaração.
Khan realizou uma série de grandes comícios desde que abandonou o Governo, alertando instituições, inclusive o exército, para não apoiarem o executivo liderado por um dos rivais políticos de longa data, Shehbaz Sharif.
No domingo, Khan criticou um magistrado que assinou o mandado de captura de um funcionário do PTI, detido há uma semana e que os líderes do partido afirmaram ter sido torturado sob custódia.
No mesmo dia, a autoridade reguladora dos ‘media’ do Paquistão proibiu os canais de televisão de transmitir ao vivo os discursos do antigo primeiro-ministro, por considerar que o político proferiu “discursos de ódio” que são “suscetíveis de perturbar a paz e tranquilidade públicas”.