O Instituto Nacional de Estatística (INE) da Hungria publicou esta quinta-feira um estudo que alterta para os riscos económicos e demográficos que o país enfrentaria se houvesse um número elevado de mulheres com formação universitária.
"Fenómeno de educação cor-de-rosa na Hungria?", assim se chama o artigo, defende que "a elevada presença das mulheres no ensino superior pode causar problemas demográficos, dificultando a procura de um parceiro", citado pelo diário digital Hvg.
A mesma publicação argumenta que, nas escolas, são consideradas mais importantes as "qualidades femininas", como a "maturidade emocional e social, empenho, obediência, tolerância da monotonia [e] boa expressão oral e escrita", sendo que no ensino se dá mais valor a essa qualidades que às capacidades "masculinas", entre as quais se incluem "a competência, as matemáticas, as áreas das ciências exatas".
"A avaliação dos atributos masculinos como menos importantes pode causar problemas mentais e de comportamento nos homens, que assim não podem desenvolver de forma ótima as suas capacidades especiais", pode ler-se ainda no estudo, com os autores a defender que a sobrevalorização das capacidades femininas e a subvalorização das dos homens pode causar problemas de competitividade na Hungria.
O documento já foi alvo de várias críticas, inclusive na imprensa independente local, que classificou o documento como "sexista" e seguidor da política de Viktor Orbán, primeiro-ministro daquele país.
A hungria, note-se, situa-se abaixo da média da União Europeia (UE) no que se refere à igualdade de género, quer no número de mulheres em cargos de chefia, quer na saúde ou ao nível do rendimento salarial, de acrodo com os dados de um estudo de 2019 do Instituto Europeu da Igualdade de Género (EIGE).