O Governo decidiu em Conselho de Ministros, esta quinta-feira, que o uso de máscaras nos transportes públicos e nas farmácias vai deixar de ser obrigatório. De agora em diante, só nos estabelecimentos de saúde estas continuarão a ser obrigatórias.
“O Conselho de Ministros aprovou hoje o decreto-lei que procede à eliminação da obrigatoriedade do uso de máscara ou viseiras em alguns locais, nomeadamente nos transportes coletivos de passageiros, incluindo os transportes aéreos e também os transportes de passageiros como táxis ou TVDE”, anunciou a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva.
A utilização do equipamento de proteção individual deixará, igualmente, de ser obrigatória em farmácias. Segundo a ministra da Saúde, Marta Temido, esta decisão deve-se a uma “tendência estável do número de casos”. No entanto, “com o intuito de proteger as pessoas em situação mais vulnerável permanecem obrigatórias em alguns outros estabelecimentos de cuidados de saúde”, bem como em “estruturas residenciais para idosos”.
“Face ao desenvolvimento positivo da situação epidemiológica, considera-se oportuno avançar na eliminação de mais medidas restritivas, assegurando sempre a proporcionalidade destas às circunstâncias da infeção que se verificam em cada momento e independentemente da necessidade da sua modelação futura, designadamente em função da sazonalidade”, lê-se ainda no comunicado do Governo.
O Executivo tomou esta decisão, mas Marta Temido alertou a população para ser cautelosa sempre que se depare com alguma possível situação de risco. Por outro lado, a dirigente também anunciou o arranque do processo de vacinação combinada (gripe+covid) da população mais vulnerável já no início do próximo mês.
Será que máscara não veio “para ficar” como costa dizia? A situação de alerta para a pandemia de covid-19 será prolongada até dia 30 de setembro, disse ainda o Executivo. Na sexta-feira da semana passada, de acordo com o novo relatório semanal da Direção-Geral da Saúde (DGS), onde constavam dados relativos ao período compreendido entre os dias 9 e 15 de agosto, haviam sido registados 15.214 casos de covid-19 e 43 óbitos devido à doença.
Relativamente à semana anterior, tinham sido diagnosticados menos 4.382 casos e menos 20 mortes associadas ao vírus. Naquilo que diz respeito aos internamentos, havia em Portugal continental 559 (menos nove do que sete dias antes), estando em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) 39 pessoas (menos quatro). A incidência da doença em território nacional diminuiu em 22%, para 148 casos por cada 100 mil habitantes. Todavia, o índice de transmissibilidade (Rt) está nos 0,92 – um aumento em relação aos 0,89 da semana anterior.
Após, no fim de abril, o Executivo ter aprovado o fim da obrigatoriedade do uso da máscara na maioria dos espaços fechados, exceto em estruturas ligadas à saúde como hospitais, centros de saúde e lares, e também em transportes públicos, António Costa realçou que “convém termos a noção que deixámos de usar a máscara, mas o vírus não deixou de nos usar e continua a andar por aí. Continua a contaminar as pessoas, continuam pessoas a adoecer e continuam pessoas a falecer”.
O primeiro-ministro fez esta advertência após ter sido questionado acerca dos motivos que o haviam levado a usar máscara durante a sessão solene comemorativa do 48º aniversário do 25 de Abril, na Assembleia da República. António Costa explicou, então, que “após dois isolamentos por contactos de risco e mais um isolamento por contração da covid-19”, continua “a tomar cautelas e caldos de galinha”. “Vou usar máscara sempre que houver grandes ajuntamentos em espaços fechados”, esclareceu, frisando que, apesar de o uso de equipamento de proteção individual já não ser obrigatório, todos devemos querer que esta medida “tenha vindo para ficar”.
À época, aquilo que não tinha data certa concretizou-se e o Governo não esperou que fosse atingido o nível anteriormente anunciado de 20 mortes por milhão de habitantes a 14 dias. Entre o início e o dia 21 de abril, tinham morrido 415 pessoas com covid-19 em Portugal, quase tantas como no mesmo período do março. A infeção pelo novo coronavírus representava 5% das mortes diárias no país, como indicava ao Nascer do SOL o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).
Agora, sabe-se que Portugal liderou o excesso de mortalidade na UE em junho – um valor de 24%, ou seja, cerca de quatro vezes superior à média europeia -, não devido apenas ao novo coronavírus, mas antes com as sucessivas ondas de calor a provocarem a subida da mortalidade, principalmente entre os mais idosos.