O ministro dos Negócios Estrangeiros apontou, esta segunda-feira, à União Europeia uma atitude complacente nomeadamente em áreas de “importância vital” para a comunidade europeia, tais como as alterações climáticas e a desagregação do direito internacional.
Na visão de João Gomes Cravinho, a UE tem a capacidade para responder a várias crises, no entanto, é “muito menos capaz de identificar à distância o que temos de fazer, onde temos de estar à frente", assinalou durante o Bled Strategic Forum, que decorre na Eslovénia.
O exemplo “óbvio” de uma boa resposta é a guerra na Ucrânia, disse o ministro português, ao mencionar que os países mais próximos da Ucrânia "leem [Vladimir] Putin", o Presidente russo, muito melhor do que a UE.
Já questionado sobre a falta de vontade de olhar para o futuro com o tipo de urgência que é precisa, Gomes Cravinho reconheceu essa apatia em algumas áreas.
"Temos áreas de complacência, em domínios que são de importância vital para nós. As alterações climáticas, a desagregação do direito internacional, a ordem internacional multilateral, são vitais para a União Europeia e temos de nos concentrar muito mais neles", acentuou o ministro.
Ainda em relação à Ucrânia, o chefe da diplomacia portuguesa realçou que a UE já "percorreu um caminho extraordinariamente longo" com os pacotes de sanções adotadas, mas não foi ainda "suficientemente longe" em áreas como a energia.
"Não respondemos adequadamente porque cada país procura as suas soluções energéticas imediatas, o que é natural", sublinhou, ao notar novamente: "Portanto, temos uma série de áreas que ainda mostram a nossa dificuldade em pensar estrategicamente, exceto quando não temos absolutamente nenhuma alternativa".
De acrescentar ainda que João Gomes Cravinho fez estas declarações enquanto orador no painel "Quantas europas na Europa", onde estavam os homólogos de Espanha, França, Turquia, Eslovénia, Islândia, Polónia e Áustria.
O Bled Strategic Forum é uma conferência internacional que procura encontrar soluções inovadoras para os desafios políticos, de segurança, estratégicos e de desenvolvimento, contemporâneos e futuros e que este ano é dedicado à guerra na Ucrânia e à crise do multilateralismo.