Os preços não param de aumentar e, sem fim de guerra na Ucrânia à vista, o Governo português vê-se obrigado a continuar a apoiar as famílias. Esta terça-feira, o primeiro-ministro António garantiu que o Conselho de Ministros extraordinário será realizado na próxima segunda-feira para aprovar um pacote de medidas com apoios para as famílias e empresas.
A garantia foi dada aos jornalistas no seguimento de uma declaração sobre o pedido de demissão de Marta Temido do cargo de ministra da Saúde.
“Hoje tenho todo o dia de trabalho já fixado para preparar o Conselho de Ministros extraordinário para podermos aprovar o pacote – que tive oportunidade de anunciar que aprovaremos já para a semana – de apoio ao rendimento das famílias e portanto hoje não tenho condições”, disse António Costa que explicou que depois tem “quatro dias entre deslocações e a visita oficial a Moçambique” e só depois disso é poderá tratar da substituição de Marta Temido.
Recorde-se que foi no debate do estado da nação que o primeiro-ministro português disse que em setembro o Governo iria adotar um novo pacote de medidas para apoiar o rendimento das famílias e a atividade das empresas face aos efeitos da inflação.
“É hoje claro que, com o prolongar da guerra, o efeito da inflação será mais duradouro do que o inicialmente previsto. Por isso, no final deste trimestre, em setembro, iremos adotar um novo pacote de medidas para apoiar o rendimento das famílias e a atividade das empresas”, disse na altura.
A verdade é que a taxa de inflação que tem vindo a bater recordes atrás de recordes – de acordo com os últimos dados do Eurostat, a inflação homóloga avançou em julho para os 8,9% na zona euro, face aos 8,6% de junho deste ano e aos 2,2% de julho de 2021, enquanto na União Europeia (UE) atingiu os 9,8% – e é vista como um dos principais impactos negativos na economia portuguesa e não só.
E as contas da DECO não deixam margem para dúvidas. Abastecer a despensa ficou mais caro desde que começou a guerra na Ucrânia e, atualmente, as famílias portuguesas podem ter de pagar 209,81 euros por um cabaz de bens alimentares essenciais, um aumento de 14,26%. E os valores têm vindo a subir. “Um cabaz de bens alimentares essenciais custa esta semana 209,81 euros, mais 1,48% face ao que custava há apenas uma semana (17 de agosto), e mais 14,26% em comparação com o que custava na véspera da explosão do conflito armado na Ucrânia (23 de fevereiro)”, diz a entidade.
A contribuir para este aumento está, em grande parte, o custo do peixe e da carne, ou seja, categorias alimentares cujo preço mais aumentou nos últimos seis meses. Entre 23 de fevereiro e 24 de agosto, o preço do peixe registou um aumento de 19,10% (mais 11,52 euros).
Para comprar apenas um quilo de salmão, de pescada, de carapau, de peixe-espada-preto, de robalo, de dourada, de perca e de bacalhau, o consumidor pode agora ter de gastar, em média, 71,83 euros. Já na carne o aumento foi de 17,14% (5,53 euros) nos últimos seis meses.
Fazendo as contas a apenas um quilo de lombo de porco, de frango inteiro, de febras de porco, de costeletas do lombo de porco, de bifes de peru, de carne de novilho para cozer e de perna de peru, o gasto pode agora ser, em média, de 37,77 euros, segundo a organização de defesa do consumidor.