O Presidente da Rússia afirmou, esta quinta-feira, que a campanha militar que encetou na Ucrânia tem como objetivo acabar com um “enclave antirusso” que o país vizinho está a criar e que ameaça a Rússia.
"No território da atual Ucrânia começaram a criar um enclave antirrusso que ameaça o nosso país", assinalou Vladimir Putin perante estudantes numa reunião que marca o início de um novo ano letivo em Kaliningrado, um enclave na costa do mar Báltico, situado entre a Lituânia e a Polónia, que pertence à Rússia embora não compartilhe fronteira terrestre.
Por esta alegada razão é que "os [nossos] soldados lutam lá, muitos morrem, defendem os habitantes de Donbass e da própria Rússia, e isso merece, sem dúvida, o apoio de toda a sociedade", frisou Putin num discurso transmitido em direto pela televisão estatal russa.
"Esta não é uma questão infantil, mas é bastante compreensível. Na verdade, iniciaram uma guerra contra nós que durou oito anos. A nossa tarefa, a missão dos nossos soldados, é acabar com esta guerra, defender o povo", apontou.
Mais uma vez, o líder de Moscovo rejeitou as acusações do Ocidente de que a Rússia está a desencadear uma agressão contra a Ucrânia, justificando-se com a população das repúblicas pró-russas na Ucrânia, Donetsk e Lugansk, e também da Crimeia, território que a Rússia anexou em 2014.
"Todos consideram que há agressão da Rússia, mas ninguém sabe ou compreende que após o golpe de Estado de 2014 na Ucrânia os habitantes de Donetsk e Lugansk, na sua maioria, e os da Crimeia não quiseram reconhecer os resultados do golpe de Estado", argumentou.
Neste caso, Putin referia-se à revolta popular em Kiev que terminou com a fuga do país do então Presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, atualmente refugiado na Rússia.
Desta forma, o Presidente russo insistiu novamente que a Ucrânia nunca existiu como um Estado antes da ascensão da União Soviética e que o regime comunista criou a República Soviética ucraniana, à qual entregou vastos territórios ancestrais russos.
O conflito militar iniciado a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia já provocou a morte de 5.663 civis e 8.055 feridos, segundo os dados fornecidos pela ONU, embora estejam longe da real contagem total devido às zonas controladas pela Rússia ou lugares em combate na Ucrânia. Quase 13 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia: mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos, apurou a organização mundial até ao momento.