Líder da UNITA assume vitória nas eleições angolanas pela primeira vez

O líder da UNITA realçou a importância da justiça neste caso, ao chamar à atenção para o facto de o Tribunal Constitucional ser “composto por angolanos” e que os juízes têm nas suas mãos o seu futuro na história de Angola. 

O líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) assumiu, através da rede social Twitter, a vitória pela primeira vez nas eleições angolanas.

"Angolanos, a UNITA ganhou as eleições! Vamos defender a soberania do povo e o seu voto", lê-se na publicação de Adalberto da Costa Júnior, pedindo à Comissão Nacional Eleitoral (CNE) para comprar as atas que tem com as que deu aos partidos da oposição e reiterando que não aceita os resultados divulgados.

O líder da UNITA realçou a importância da justiça neste caso, ao chamar à atenção para o facto de o Tribunal Constitucional ser "composto por angolanos" e que os juízes têm nas suas mãos o seu futuro na história de Angola. 

"O Tribunal Constitucional é composto por angolanos como nós. Cabe aos seus juízes decidirem como ficarão na história. Responsáveis por uma fraude que altera os resultados eleitorais ou os que escolheram a democracia, a honestidade e a vontade da maioria dos seus irmãos angolanos", escreveu também no Twitter. 

Pouco depois de partilhar a primeira mensagem, Adalberto da Costa Júnior publicou uma declaração em vídeo, onde falou sobre os resultados das eleições gerais realizadas a 24 de agosto, no entanto sem proclamar vitória.

Nessa declaração, o líder da UNITA prometeu que não vai abandonar quem votou no partido e justificou o silêncio da sua formação política após as eleições com os processos relacionados "com o contencioso eleitoral, cujos prazos estão a decorrer e previstos na lei", numa referência às queixas na CNE.

Para a UNITA, a CNE deve comparar as atas das assembleias de voto na sua posse com as atas na posse dos partidos, contestando o facto de as autoridades não indicarem sequer os dados relativos às assembleias de voto, que permitiram a contabilidade final.

O maior partido da oposição tem feito uma contagem paralela a partir das atas síntese recolhidas pelos seus delegados, "um processo sensível e complexo que se encontra agora na sua fase final", afirmou Adalberto da Costa Júnior.

"Hoje temos muito mais dados do que tínhamos há uma semana e que no dia 24 de agosto o povo votou na mudança, pelo que a UNITA e seus parceiros da Frente Patriótica Unida não reconhecem os resultados definitivos publicados esta semana pela Comissão Nacional Eleitoral, porque estes não refletem a verdade eleitoral", disse o presidente da UNITA, reiterando que o MPLA não ganhou as eleições.

A CNE anunciou na segunda-feira os resultados finais das eleições: o MPLA, de João Lourenço, venceu com maioria absoluta (51,17% dos votos), ao passo que a UNITA ficou em segundo lugar (43,95%).

Com estes resultados o MPLA elegeu 124 deputados e a UNITA elegeu 90 deputados, quase o dobro das eleições de 2017.

Já o Partido de Renovação Social (PRS) conquistou dois assentos no parlamento ao somar 1,14% de votos dos eleitores, e o mesmo número de deputados conquistaram a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e o Partido Humanista de Angola (PHA) com 1,06% e 1,02% de votos, respetivamente.

Por outro lado, a coligação CASA-CE, a APN e o P-Njango não obtiveram assentos na Assembleia Nacional, que na legislatura 2022-2027 vai contar com 220 deputados.