O líder do Chega apresenta uma moção de confiança no Conselho Nacional do partido, marcado para este fim de semana, na Batalha, para acabar de vez com os «movimentos substerrâneos de oposição interna».
Em declarações ao Nascer do SOL na véspera do encontro partidário, André Ventura não deixou margem para dúvidas quanto ao objectivo da sua iniciativa de se sujeitar a novo escrutínio no partido: «Conseguir um apoio significativo que cale definitivamente estes movimentos subterrâneos de oposição interna e legitime a orientação desta liderança até às próximas eleições legislativas». E, justificou, foi essa a razão pela qual a reunião será aberta aos militantes para a discussão dessa mesma moção de confiança, passando a funcionar, na prática, como a I Assembleia Plenária do partido. «Muito mais que um Conselho Nacional ou do que um Congresso, em que votam os conselheiros ou os delegados, aqui todos os militantes em situação regular podem votar», defendeu Ventura, augurando que este «será provavelmente o maior evento partidário em Portugal de um partido parlamentar» e que, «depois disto, nunca mais ninguém pode dizer que não há democracia ou não foi ouvido, todos, mas mesmo todos podem falar e votar».
Caso Ventura perca a moção, assegura, afastar-se-á pelo seu próprio pé da liderança do Chega. «Espero que os que contribuíram para isto, se perderem, deem ao Presidente e à Direção Nacional a tranquilidade de que precisamos para trabalhar até às legislativas», conclui, rematando: «Os que acham que o partido não deve ter este rumo ou esta identidade, ou respeitam a maioria dos militantes, ou têm a porta da rua aberta».
Trata-se de uma moção que partiu da demissão de Gabriel Mithá Ribeiro da vice-presidência do partido, apesar de o mesmo ter decidido manter-se como deputado do partido. «Entendendo que é fundamental que não subsistam dúvidas internas quanto à legitimidade do presidente e ao estilo de liderança que este tem afirmado, quer em termos partidários, quer parlamentares, a direção nacional solicitou igualmente à Mesa Nacional que o XI Conselho Nacional seja aberto à participação de todos os militantes, de todas as regiões do país, para que o debate seja completo, global e o mais abrangente possível», pode ler-se num comunicado enviado pelo Chega.
O partido tem sofrido com lutas internas desde a sua fundação, aprofundando-se depois das eleições autárquicas de 2021 e das legislativas de 2022. Um reflexo disso é o facto de, desde as autárquicas, em que o Chega elegeu 19 vereadores, cerca de um terço dos mesmos ter já abandonado o partido. O Conselho Nacional vai decorrer na Exposalão – Centro de Exposições da Batalha, no distrito de Leiria, sendo aberto à comunicação social, tal como aconteceu no Conselho Nacional de Sagres, que serviu para discutir o programa do partido.