A Assembleia da República discutiu, ontem, a pedido do Chega, as “sucessivas falhas no combate aos incêndios”, conforme o próprio partido definiu no título dado à interpelação requerida pelo mesmo.
Na sua intervenção inicial, André Ventura, líder do partido, começou por justificar a interpelação com o “desastre que a gestão socialista imprimiu nos incêndios”.
“Portugal teve este ano a maior percentagem de área ardida da Europa” e a “terceira maioria área ardida em termos absolutos em toda a Europa”, referiu o líder do Chega vaticinando que, “se em 2017 tudo falhou, em 2022 quase tudo falhou”.
André Ventura apontou espingardas ainda ao sistema de comunicações SIRESP, que, disse, “não funcionou”, argumentando que em Leiria “os bombeiros foram obrigados a recorrer a sistemas de comunicações alternativos” e que em Palmela “a Proteção Civil voltou a falhar no auxílio”.
“Espero que a Procuradora-Geral da República lance a devida investigação sobre o que falhou no sistema SIRESP”, afirmou o líder e deputado do Chega, passando de seguida a criticar a secretária de Estado, quem acusou de ter ofendido os portugueses quando disse que os algoritmos indicaram que ardeu menos área do que era suposto, pedindo de seguida a demissão da governante.
Ainda nas críticas ao Governo, André Ventura lamentou que o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, não tenha marcado presença no Parlamento, estando o Executivo representado pela secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar.
Por seu lado, Patrícia Gaspar preferiu dizer que o SIRESP “não falhou em 2022”, admitindo apenas que houve “ligeiros picos de atrasos na ordem de segundos” nas comunicações, e que “a única opção sensata hoje é ter a coragem de avaliar os acontecimentos de 2022, ajustar o que for necessário e continuar o trabalho diário de proteger vidas, o património e o ambiente”. Patrícia Gaspar garantiu que o Governo “continuará a tudo fazer para assegurar que Portugal seja um país cada vez mais resiliente e seguro para todos”.