Onde está Kanye West, regra geral, há drama ou polémica. O rapper norte-americano – que uma vez se comparou a Moisés – viu as suas contas do Twitter e do Instagram serem bloqueadas, após estas redes sociais terem considerado que alguns dos seus conteúdos tinham um teor antissemita.
A odisseia começou no Instagram, onde West – agora conhecido como Ye – fez uma publicação a sugerir que o seu colega de profissão Sean ‘Diddy’ Combs era controlado pela comunidade judaica. Numa publicação feita pouco depois, o Comité Judaico Americano (AJC, na sigla em inglês), um grupo anti-ódio, postou um vídeo em que chamava os comentários de Ye de antissemitas. «Essas publicações são perigosas», dizia a legenda. No vídeo, o AJC disse que Ye estava a usar «tropos antissemitas como ganância e controlo».
Em resposta, o rapper saltou de volta para o Twitter, a rede social que tinha abandonado em 2020, para continuar a ‘espalhar a sua mensagem’. Já nessa plataforma, Ye publicou uma fotografia onde surge ao lado de Mark Zuckerberg, CEO da Meta, empresa responsável pelas redes sociais Instagram, Facebook e WhatsApp. «Como me foste expulsar do Instagram», ironizou West.
O rapper até foi recebido de braços abertos por Elon Musk, que fez uma publicação a dizer «Bem-vindo de volta ao Twitter, meu amigo!». Uma mensagem importante, tendo em conta que muito se fala sobre a eventual compra da rede social por parte do magnata da Tesla.
Pouco durou, no entanto, a estadia de West na rede social do passarinho azul. É que o rapper fez uma publicação onde afirmava que ia avançar com o nível «death con 3» – uma referência ao sistema Defcon, que mede o estado de alerta das Forças Armadas norte-americanas de 1 a 5 – no «povo judeu». Nessa mesma mensagem, West negou ser possível para ele emitir mensagens antissemitas, uma vez que «os negros também são judeus».
Rapidamente, o Twitter desativou a conta de West, que também tinha gerado polémica nos últimos dias ao surgir em público na Semana da Moda de Paris, com uma t-shirt que lia ‘White Lives Matter’ (As vidas brancas importam), em contraponto com o movimento ‘Black Lives Matter’ (As vidas negras importam). «Todo o mundo sabe que o Black Lives Matter foi uma farsa. Agora acabou. De nada», escreveu, na altura, o rapper no Instagram, antes de ver a sua conta desativada.
Uma das vozes mais críticas das publicações de West tem sido a democrata Alexandria Ocasio-Cortez, que disse: «Não há absolutamente espaço nenhum neste país ou mundo para o antissemitismo. É importante ver como as palavras de Kanye são prejudiciais e perigosas – não apenas para os nossos irmãos, irmãs e irmãos judeus, mas também para a nossa sociedade coletiva em geral. Devemos rejeitar isso… onde quer que o vejamos».
Também a atriz Sarah Silverman reagiu, afirmando que as palavras do rapper «magoam e incitam à violência». E acrescentou: «O dia mais sagrado do judaísmo foi na semana passada. As palavras importam. Uma ameaça ao povo judaico terminou, no passado, em genocídio. Tu és pai, por favor pára».
A atriz criticou ainda o facto de Kanye ter ameaçado o povo judaico e que «isso não foi trending topic no Twitter». «Porque é que são só os judeus a insurgir-se quando há ódio contra judeus? O silêncio é ensurdecedor», atirou.
Vários internautas deixaram um pedido ao círculo próximo do artista: «Alguém tire o telemóvel ao Kanye West, por favor».