Depois de três semanas consecutivas de greves no setor petrolífero, adensa-se o receio em França de que se registe uma falta de combustíveis, algo que está a revelar-se um dos maiores desafios do segundo mandato de Emmanuel Macron no Eliseu.
O sindicato de esquerda, CGT, decidiu após uma votação esta terça-feira, prolongar as paralisações de várias refinarias e depósitos de petróleo controlados pelo grupo empresarial do setor petroquímico e energético TotalEnergies.
Os sindicatos exigem um aumento salarial imediato de 10% para combater a crise gerada pelo aumento do custo de vida e uma parte dos lucros das empresas devido ao aumento dos preços da energia na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.
“A questão dos salários é partilhada por todo o país”, disse o Secretário-geral da CGT, Philippe Martinez. “Apesar do aumento do salário mínimo o final do mês continua a ser difícil. Portanto, precisamos de outro aumento, o salário mínimo não subiu o suficiente”, esclareceu, citado pelo Euronews.
Esta paralisação nas refinarias francesas levou Macron a decretar várias requisições civis, quando muitas das estações de serviço do país já não tinham combustíveis, e para limitar o impacto desta mobilização, que assumiu proporções inimagináveis.
Esta terça-feira, de manhã quase 30 por cento dos postos de abastecimento estavam sem combustíveis.
O governo francês defende que o limite máximo para aumentar preços de gás e eletricidade amparou os danos provocados pela crise do custo de vida em França, numa altura em que, apesar de registar a inflação mais baixa entre os 19 países que usam o euro, com 6,2%, o parlamento vive momentos tensos com as negociações do orçamento do próximo ano.
O Partido de Macron perdeu a maioria nas últimas eleições o que complica a implementação das suas ideias.
“Sem uma maioria clara, o governo viveu dias de debates parlamentares turbulentos e acalorados sobre o seu orçamento, incluindo a apresentação de milhares de emendas, como a introdução do imposto sobre ‘superdividendos’, à qual o governo se opõe”, escreve o Guardian.
É esperado que esta semana a primeira-ministra, Élisabeth Borne, utilize uma forma rara e controversa de um decreto constitucional para aprovar o orçamento sem votação dos legisladores, de forma a fazer cumprir a agenda económica pró-negócios de Macron.
Se o governo avançar com esta medida, legisladores de esquerda e extrema-direita poderão avançar com um voto de não-confiança e forçar a renúncia do governo.
Especialistas afirmam ainda que esta é uma medida pouco popular entra a população francesa.