Seja pelo telemóvel ou através do email, as burlas são cada vez mais – e mais frequentes – sobretudo desde o início da pandemia. Longe vão os tempos das tentativas descaradas, a aliciar com o novo Iphone 7 ou com as viagens de sonho. A verdade é que se quando a esmola é grande é quase certo que o pobre desconfia, já os novos esquemas revelam-se cada vez mais eficientes e adaptados ao contexto atual – e ainda gozam da ajuda extra das aplicações (WhatsApp, MB Way, etc.) para alcançarem o objetivo final.
O exemplo mais recente e que soma cada vez mais denúncias é a burla agora conhecida por ‘Olá, Mãe’ ou ‘Olá, Pai’. E o processo é simples: o burlão envia uma mensagem como se do filho/a da pessoa em questão se tratasse, explica que mudou de número porque o telemóvel anterior se avariou (e assim justificar o novo contacto telefónico) e, finalmente, pede uma quantia de dinheiro, nalguns casos a ultrapassar os mil euros. Simples e eficaz, exceto quando os burlados desconfiam a tempo, seja pela maneira de como a abordagem é feita ou pela forma como a mensagem está escrita.
O mais curioso, mas não tão surpreendente é que em nenhum caso a estranheza ou suspeita da vítima passa pelo facto de o filho/a estar a pedir-lhe dinheiro, pelo que não será difícil deduzir o óbvio – a importância que a ajuda extra dos pais (que podem fazê-lo, naturalmente) assume num dia-a-dia em que o custo de vida Vs. rendimentos (com destaque para a faixa etária mais jovem) se torna cada vez mais insuportável.
As falcatruas prometem continuar e ainda mais aprimoradas. Também nas redes sociais não faltam intrujas capazes de inventar as histórias mais mirabolantes e os crowdfunding duvidosos que reúnem milhares de euros.
Há muito que o problema deixou de ser o coxo ao virar da esquina – que, afinal, não só anda como ainda corre – e toda a atenção é pouca.