A valsa do adeus
Milan Kundera €16,90
D. Quixote
Quando recebe o telefonema de Ruzena a dizer-lhe que está grávida em resultado de um encontro ocasional entre os dois, o famoso trompetista Klima fica transtornado. Afinal, como vai escapar a esta situação desagradável? E começa a traçar planos para convencer a bonita rapariga – que é enfermeira numa estância termal onde as mulheres vão fazer tratamentos de fertilidade – a desembaraçar-se do bebé. Pelo meio, há um médico pouco escrupuloso, um americano rico e hedonista que pinta imagens de santos e um homem desiludido com o socialismo. Um romance delicioso, cheio de frases de antologia, simultaneamente leve e profundo, que diverte e faz pensar.
O Esplendor e a infâmia
Erik Larson €29,90
D. Quixote
«De repente toda a gente começou a prestar atenção às fases da lua. Claro que os bombardeiros podiam atacar em qualquer altura do dia, mas pensava-se que à noite só conseguiriam atingir os seus alvos com a luz lunar. A lua cheia, com as fases crescente e minguante, ficou conhecida como a ‘lua do bombardeiro’». Em junho de 1940 a Grã-Bretanha estava sozinha contra a Alemanha de Hitler: a Polónia tinha sido anexada; a Bélgica, a Holanda e a França tinham caído em poucas semanas; a Rússia fizera um pacto de não agressão com os nazis; e os americanos ainda não tinham entrado no conflito. Churchill aguentava o barco como podia. É este período extraordinário entre maio de 1940 e maio de 1941 que aqui se narra. Larson tem um dom tão formidável para reconstituir as épocas e as situações que o leitor se sente como se estivesse lá.
A conquista do Brasil 1500-1600
Thales Guaracy €16,95
Planeta
Em ano de bicentenário da independência brasileira, o jornalista e romancista Thales Guaracy mergulha nos primeiros cem anos da história da colonização do país, num livro cheio de frescura e de revelações surpreendentes. «[Pedro Álvares] Cabral não foi o primeiro europeu a aportar no que é hoje a terra brasileira», defende o autor. E dá-nos o exemplo de João Ramalho, «o homem sem passado», nascido em Vouzela, que vivia nu como os índios e «se tornaria respeitado, até venerado, tanto quanto temido e odiado pelos inimigos». Com base em testemunhos da época, Guaracy relata as alianças, as intrigas, os choques e, claro, os confrontos entre os colonizadores e os indígenas, numa obra que transmite o sabor, o assombro e a violência do processo.
A Rússia de Putin
Anna Politkovskaya €20,95
Elsinore
A corajosa jornalista e ativista dos direitos humanos leva-nos numa visita guiada, com casos concretos, pelos bastidores sombrios da Rússia de Putin: as perseguições, os processos, as negociatas, os homicídios não investigados, os internamentos em hospitais psiquiátricos. «Mas o que acontece aos juízes que não querem fazer parte da transformação de um aparelho judicial independente numa estrutura subserviente perante o submundo do crime? Em Ecaterimburgo, nos últimos anos, a maioria dos juízes desapareceu. Os que não optaram por servir as máfias emergentes foram demitidos dos tribunais às dúzias e receberam uma chuva de insultos e agressões». Mal sabia Politkovskaya que também seria uma das mártires do regime.
Bábi iar
Anatóli Kusnetsov €22.20
Livros do Brasil
«Na verdade, tenho andado a escrever este livro ao longo de muitos anos. A que poderia ser chamada primeira versão foi escrita quando eu tinha apenas catorze anos. Naquele tempo, quando eu não era mais que um faminto e assustado rapazinho, costumava registar num grosso caderno de notas feito em casa tudo o que via e ouvia acerca de Bábi lar, à medida que isso ocorria. […] Um dia a minha mãe viu o meu caderno de notas quando andava a limpar a casa. Leu-o, chorou sobre ele e aconselhou-me a tomar bem conta dele». Bábi Iar figura nos anais da II Guerra Mundial como lugar de um dos mais infames massacres perpetrados pelos invasores nazis na Ucrânia. Na introdução, Irene Flunser Pimentel estima em 38 mil o número de judeus ali mortos, tendo-se seguido ainda vítimas de diversas nacionalidades. Um documento decisivo do século XX, agora em versão integral.
De Profundis
Oscar Wilde €14
Guerra & Paz
Em 1897, a partir da prisão de Reading, onde foi parar após um humilhante julgamento por sodomia, Oscar Wilde escreveu esta longa carta, vinda ‘das profundezas’, ao seu antigo amante Alfred Douglas (’Bosie’). Ele, que fora um dos mais populares escritores do seu tempo, que conhecera a glória, os prazeres e a fama, não apenas viu o seu nome arrastado pela lama, como perdeu toda a sua fortuna e até a família, uma vez que a sua mulher pediu o divórcio na sequência do processo. Um testemunho pungente que nos revela um Wilde diferente: não o snob e caprichoso hedonista, mas um homem ferido e amargurado, que advoga a simplicidade e encontra consolo nos Evangelhos.
O misantropo
Molière, tradução de Vasco Graça Moura €18,80
Quetzal
Molière criou n’O Misantropo um arquétipo que continua a ser-nos familiar: o do homem reto que não faz concessões aos vícios do seu tempo e acaba sozinho. Apaixonado pela viúva Celimena, Alceste exige-lhe uma dedicação total e exclusiva. Mas Celimena não está disposta a abdicar da sua liberdade, e «deixa bem claro que pretende viver a sua vida e a sua juventude», como nota Vasco Graça Moura na introdução. «Recusa-se a acompanhá-lo para ‘o deserto’, isto é, para uma vida isolada do mundo e dos seus vícios. Celimena precisa desses vícios, não prescinde ‘da delícia das coisas imperfeitas’, como diria o Eça, para viver a sua vida entregue a uma galanteria que faz parte da sua maneira de estar no mundo». Este clássico do teatro francês surge em versão bilingue – o que nos permite perceber que Graça Moura não fazia simples traduções, mas verdadeiramente novas versões que têm sempre a sua marca d’água.
O áspero tempo das marionetas
Joaquim Murale €22
Seda Publicações
Oque é a poesia? A arte de combinar palavras? Uma maneira de ser, de estar e de sentir? Fingimento, como dizia Pessoa? «Descoberta das coisas que nunca vi», como escreveu Oswald de Andrade? Para Joaquim Murale, pseudónimo literário de António José Rocha, nascido há 69 anos em Estremoz e licenciado em Psicologia, a poesia não é certamente um arranjo floral de belas palavras, mas antes um território de liberdade e de resistência, um último reduto onde cada um pode refugiar-se e viver segundo as suas próprias regras. Atravessado por uma atitude crítica e desencantada, O Áspero Tempo das Marionetas marca 45 anos de vida literária de um inconformista que recusa sempre baixar os braços perante a adversidade ou atraiçoar os valores em que acreditava.