O passado domingo foi de confronto entre socialistas. No Facebook, o recém-reeleito presidente da concelhia do PS do Porto, Tiago Barbosa Ribeiro, foi alvo de críticas por parte de dirigentes do partido, com a eleição do presidente de federação do Porto, que será disputada por Eduardo Vítor Rodrigues e João Pedro Pereira dia 4 e 5 de novembro, como pano de fundo.
Numa publicação naquela rede social, Daniel Adrião, o nome mais conhecido da sensibilidade interna de oposição a António Costa, acusou Tiago Barbosa Ribeiro de ter “violado” a lei dos partidos políticos, que estabelece que as eleições partidárias “devem observar igualdade de oportunidades e imparcialidade no tratamento de candidaturas”.
“O presidente da concelhia do PS do Porto achou-se no direito de convidar apenas um dos candidatos à presidência da federação do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, para uma sessão de esclarecimento com militantes, ignorando e excluindo o outro candidato, João Pedro Pereira, que legitimamente apresentou a sua candidatura, cumprindo escrupulosamente as regras definidas nos estatutos e nos regulamentos do Partido Socialista. É este o alto conceito de democracia que tem o presidente da concelhia do PS do Porto”, atirou o líder do movimento interno do PS Democracia Plena, sublinhando que esta é “uma falha ainda mais grave, quando praticada por um deputado da República”.
Na caixa de comentários, Tiago Barbosa Ribeiro não se deixou ficar, justificando que a candidatura do presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia fez sessões em todas as 18 concelhias do Porto, bem como com as estruturas autónomas.
“No direito da minha liberdade, apoio convictamente Eduardo Vítor Rodrigues, coisa que os estatutos ainda não proíbem. Era o que mais faltava que isto representasse algum tipo de falha estatutária. Talvez noutros partidos, não no PS”, retorquiu.
A troca de bitaites prosseguiu com Daniel Adrião a acusar o seu camarada socialista de “falta de vergonha e decoro” por não revelar “qualquer espécie de isenção” nas funções que desempenha e “pela forma completamente discricionária” como tem tratado a candidatura do dirigente nacional do PS João Pedro Pereira.
Em resposta Tiago Barbosa Ribeiro insistiu que “todos os candidatos são livres de fazerem as sessões de apresentação que bem entendem, como sempre fizeram” e “todos os militantes são livres de apoiarem quem bem entendem”.
“Estive ao lado do Eduardo Vítor Rodrigues na sessão do Porto, como todos os restantes presidentes de concelhia em todo o distrito. Era o que mais faltava que agora fosse o Daniel Adrião a atribuir ou a retirar direitos políticos a quem quer que seja. E se insiste nesse caminho, trataremos do que tivermos a tratar na jurisdição, para começar”, desafiou ainda.
Por sua vez, o líder da Democracia Plena defendeu que se avançasse já para comissão nacional de jurisdição: “Nessa altura teremos oportunidade de esclarecer o teu comportamento reprovável e quiçá também noutros fóruns e instâncias”, ameaçou, sem receber troco do presidente da concelhia.
À festa juntou-se ainda João Pedro Pereira. “Enquanto candidato à Federação Distrital do PS-Porto tive o cuidado de telefonar ao Tiago Barbosa Ribeiro por três vezes e enviei inclusivamente um SMS, partindo do princípio que não conhecia o meu número, na verdade nunca atendeu nem devolveu as chamadas”, relatou.
Numa publicação na sua conta, o adversário de Eduardo Vítor Rodrigues nestas eleições internas locais já tinha atacado Tiago Barbosa Ribeiro por não revelar “qualquer preocupação em promover o debate interno entre os dois candidatos à federação distrital”. “Será também por esta visão estalinista da vida política interna do PS que Tiago Barbosa Ribeiro não reuniu, junto dos cidadãos eleitores do Porto, a confiança necessária nas últimas eleições autárquicas”, atirou ainda.
Segundo o candidato, o líder da concelhia terá depois mandado uma mensagem na qual manifestou a sua “indignação” perante o teor da publicação. “Respondi que não faria sentido vir vitimizar-se pelas sua próprias atitudes de ação/omissão para com a minha candidatura. As atitudes ficam com quem as praticam…”, escreveu já na caixa de comentários do post de Daniel Adrião, onde ainda acusava Barbosa Ribeiro de “práticas intimidatórias e antidemocráticas” .
“Ninguém está imune a ver os seus comportamentos criticados e deve reagir com serenidade e poder de encaixe”, rematou.