A pouco e pouco vão sendo conhecidos os resultados dos bancos a operar no mercado nacional. O tiro de partida foi dado pelo Santander Totta – que apresentou na semana passada lucros de 385,1 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, mais do dobro dos 172,2 milhões do mesmo período de 2021– mas o início da semana foi marcado pela apresentação de resultados do BCP.
A instituição financeira liderada por Miguel Maya revelou que os lucros subiram 63,4% nos primeiros nome meses do ano, atingindo os 97,2 milhões de euros. Um valor que compara com os 59,5 milhões registados em igual período do ano passado. O banco explica estes resultados com o «aumento dos proveitos core do grupo em 24,7% com custos controlados».
O mercado nacional apresentou um lucro de 295,7 milhões de euros, mas o grupo continua a ser penalizado pelos efeitos extraordinários relacionados com o polaco Bank Millennium, que enfrenta mais de 15 mil processos em tribunal por causa dos empréstimos concedidos em francos suíços na primeira década de 2000.
«Estes efeitos extraordinários incluem encargos de 393 milhões de euros associados à carteira de créditos hipotecários em francos suíços, provisões para moratórias de crédito de 304,6 milhões de euros, contribuição de 59,1 milhões de euros para o Fundo de Proteção Institucional polaco e registo da imparidade do goodwill do Bank Millennium de 102,3 milhões de euros».
Na atividade em Portugal, a margem financeira situou-se 8,3% acima dos 619,5 milhões de euros apurados nos primeiros nove meses de 2021, ascendendo a 670,9 milhões de euros, no mesmo período de 2022.
As comissões líquidas apresentaram um crescimento de 7,3% face aos 534,8 milhões de euros registados nos primeiros nove meses de 2021, ascendendo a 573,8 milhões de euros no mesmo período do ano corrente, refletindo em parte a progressiva normalização da atividade económica.
Lucros sobem 18%
Já esta sexta-feira foi a vez do BPI apresentar lucros de 286 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2022, o que representa uma subida de 18% face ao mesmo período de 2021.
A atividade em Portugal contribuiu com 159 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 25% relativamente ao período homólogo de 2021. Nos créditos a clientes houve um crescimento de 7%, o que corresponde a um aumento de 1,8 mil milhões de euros, só a carteira de crédito à habitação cresceu 10% nos primeiros nove meses do ano. Já nos depósitos registou-se uma subida de 8%, para 30,4 mil milhões de euros. «Os depósitos de clientes representam 71% do ativo e constituem a principal fonte de financiamento do balanço».
As comissões líquidas aumentaram 7% para 204 milhões de euros, o que o BPI atribui ao «aumento das operações de crédito, das comissões associadas a contas, intermediação de seguros, vendas de fundos de investimento e seguros de capitalização».
Por sua vez, os custos de estrutura recorrentes aumentaram 3% para -334,8 milhões de euros e apesar da diminuição de 1% dos custos com pessoal, os gastos gerais administrativos aumentaram 4% e as depreciações e amortizações subiram 11%, «a refletir essencialmente o investimento realizado na transformação digital e obras em imóveis».
Cinco trimestres positivos
Também o Banco Montepio anunciou esta sexta-feira lucros de 23,9 milhões de euros, nos primeiros nove meses do ano, «o que representa uma evolução favorável face aos -14,2 milhões contabilizados no período homólogo de 2021 ao beneficiar do incremento do produto bancário em 11,8 milhões, com destaque para a subida da margem financeira e das comissões, da redução dos custos operacionais em 16,1 milhões e das menores dotações para imparidades e provisões em 45,1 milhões».
Os resultados líquidos consolidados nos primeiros nove meses de 2022 incorporam, no terceiro trimestre, «um impacto estimado em -22,7 milhões (depois de considerados os interesses que não controlam) do acordo assinado para a alienação da participação financeira detida pelo Grupo Banco Montepio no Finibanco Angola», acrescentando que «ainda assim, os resultados líquidos consolidados do trimestre foram positivos, confirmando a tendência favorável verificada nos últimos cinco trimestres».
Nos primeiros nove meses, o produto bancário core aumentou 7,5 milhões face ao valor dos primeiros nove meses de 2021, com a margem financeira a crescer 1% e as comissões 7%. Já o crédito a Clientes (líquido de imparidades) aumentou para os 11,8 mil milhões de euros, 1,5% acima do valor registado em dezembro de 2021.