Luís Montenegro entreabriu-lhe a porta de saída e poucas horas depois Rodrigo Gonçalves acabou por sair pelo próprio pé. O vogal da comissão política nacional do PSD, que foi alvo de buscas na terça-feira, pediu a suspensão imediata de funções na direção social-democrata.
“Durante o dia de hoje [terça-feira] foram realizadas diligências investigatórias, que incidiram sobre matéria relativa à atividade profissional do Dr. Rodrigo Gonçalves”, refere uma nota do gabinete de comunicação do PSD. “Apesar de não ter sido constituído arguido em nenhum processo, o próprio entendeu que deve evitar-se qualquer perturbação partidária, tendo solicitado ao presidente do PSD a suspensão do exercício das funções de vogal da CPN, com efeitos imediatos”, acrescenta.
A decisão surge depois de o presidente do PSD, Luís Montenegro, ter admitido que há “circunstâncias” que podiam ditar o afastamento do dirigente, sugerindo que Rodrigo Gonçalves poderia ser suspenso temporariamente.
Em causa estavam as buscas da PJ que tiveram Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, e Rodrigo Gonçalves como alvos, por suspeitas de crimes de corrupção, participação económica em negócio e prevaricação devido a questões ligadas a projetos empresariais e imobiliários.
Rodrigo Gonçalves, que tinha sido afastado da esfera de influência do partido por Passos Coelho em 2017, após ter sido alvo de dois processos judiciais, um por corrupção passiva, do qual foi absolvido, e outro por uma agressão a um colega de partido, foi recuperado por Rui Rio. Contudo, em 2019, acabou por se demitir do cargo de consultor de comunicação, por suspeitas da criação de perfis falsos nas redes sociais numa lógica de propaganda de favorecimento ao líder. Agora, tinha sido novamente recuperado pelo atual líder do PSD, que o elevou a vogal da comissão política nacional do partido.