Um plano de Ação Global em Monitorização

É urgente fortalecer métodos e ferramentas para estimar os custos totais de saúde, sociais e económicos da inatividade física. 

Por Marlene Nunes Silva, PhD. Professora e Investigadora | Coordenadora do Mestrado em Desporto, Educação e Literacia Física, Faculdade de Educação Física e Desporto, Universidade Lusófona, Diretora | Programa Nacional 
de Promoção da Atividade Física – Direção-Geral da Saúde

A Organização Mundial da Saúde traçou como meta global, até 2030, a redução da inatividade física em 15%, em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e com a agenda global para a redução das doenças não transmissíveis. Para apoiar esta meta, desenvolveu o Plano de Ação Global para a Atividade Física, tendo Portugal sido o país anfitrião deste lançamento, em 2018.

Este Plano de Ação Global oferece um roteiro integrado e sistémico, em torno de quatro eixos fundamentais: Eixo I) Implementar campanhas de comunicação, aumentando o conhecimento, a compreensão e a valorização dos múltiplos benefícios da atividade física regular, integrada nas tarefas do dia a dia, de acordo com a habilidade motora, e em todas as idades; Eixo II) Criar e manter ambientes que promovam os direitos de todas as pessoas, de todas as idades, permitindo o acesso equitativo a espaços seguros (incluindo parques, pavilhões desportivos, percursos pedonais e ciclovias), nas suas comunidades, para praticar atividade física regular; Eixo III) Garantir o acesso a programas e serviços em vários ambientes (escolar, serviços de saúde, comunitário etc.) para pessoas de todas as idades, habilidades motoras e preferências, potenciando experiências agradáveis e gratificantes; Eixo IV) Fortalecer a governança, parcerias multissetoriais, advocacia e sistemas de informação para apoiar a implementação eficaz de políticas coordenadas.

Quatro anos após o lançamento deste Plano de Ação Global, o primeiro Relatório Global da sua monitorização foi dado a conhecer num evento público digital (19 setembro 2022), fazendo o balanço da implementação das recomendações nas várias regiões do globo. Em suma, ainda que várias estratégias estejam já em marcha, o investimento é desigual (por área estratégica e por região do globo), a monitorização difícil, muito existindo ainda por fazer. É urgente fortalecer métodos e ferramentas para estimar os custos totais de saúde, sociais e económicos da inatividade física. Dados vitais para garantir e reforçar o envolvimento de todos os setores, e não apenas os do desporto e saúde.

Em Portugal, como na maioria dos países, uma área chave diz respeito às parcerias intersetoriais, exigindo ainda uma resposta coletiva e coordenada. Os compromissos assumidos no âmbito dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável oferecem uma oportunidade para reorientar e renovar os esforços na promoção da atividade física. Além de melhorar a saúde, ser ativo fisicamente contribui para proteger o meio ambiente e para o desenvolvimento económico e social, promovendo comunidades mais fortes e coesas, onde as pessoas interagem com mais frequência, o que é particularmente importante a todos os níveis. Vamos ser ativos nisso!