A taxa de inflação não dá sinais de alívio e as perspetivas não são animadoras. De acordo com os últimos dados do Eurostat, 21,7% da população da União Europeia está em risco de pobreza ou de exclusão social. A Roménia (34%), a Bulgária (32%), Grécia e Espanha (28% cada) foram os Estados-membros com maiores taxas de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social. No entanto, Portugal surgiu em oitavo lugar.
Por outro lado, o Banco Central Europeu alertou que Portugal é o quinto país da Europa em maior risco de pobreza energética, ou seja, quando as famílias não têm acesso a serviços energéticos essenciais por não terem dinheiro ou por começarem a atrasar pagamentos.
Não há fórmulas mágicas, mas este é o momento ideal por fazer algumas mudanças no seu dia-a-dia com vista a poupar no final do mês. O orçamento familiar agradece. A solução passa por adquirir novos hábitos.
A primeira regra de ouro passa por estabelecer um orçamento familiar, pois assim só conta com o dinheiro que tem disponível. Não só consegue evitar gastos desnecessários como, acima de tudo, evita viver acima do que ganha.
A verdade é que muitas famílias portuguesas, nos últimos anos, foram obrigadas a mudar o seu dia-a-dia e passaram a tomar decisões de forma mais equilibrada para tornarem a sua vida mais fácil.
Alguns truques já são usados pelos consumidores há algum tempo, mas há pequenas soluções pelas quais pode optar e que às vezes são esquecidas (ver caixas). E determinados pequenos gastos diários que podem parecer insignificantes mas que, no fim do mês, fazem toda a diferença. É o caso do pequeno-almoço fora. Mas vamos a números: gastar 3,5 euros por dia numa pastelaria parece pouco, mas ao final do mês – tendo em conta apenas 22 dias úteis – traduz-se num gasto de 74 euros. No fim do ano, já estamos a falar de uma despesa superior a 900 euros.
Outro truque usado por muitos consumidores passa por aproveitar as épocas de saldos para comprar os produtos e peças de vestuário desejados. Há lojas que oferecem reduções que podem chegar aos 70%. Por outro lado, evite comprar a roupa toda de uma vez e, sempre que possível, divida as compras e os gastos com o vestuário por meses e por cada pessoa do agregado familiar. Ou seja, se este mês comprou roupa para si, só no próximo mês é que deve comprar para os restantes elementos do agregado familiar.
Férias
Não é só no dia-a-dia que as despesas têm de ser vistas à lupa. O planeamento das férias não pode ficar para segundo plano. Organizar a viagem com antecedência pode traduzir-se numa poupança significativa. Quem não consegue planear a sua vida “a tempo e horas” pode optar por viajar em companhias de baixo custo (low-cost) ou pelas ofertas de última hora. Neste último caso, deve ter flexibilidade nas datas. Pode também optar por comprar as viagens pela internet – por vezes, conseguem-se boas promoções.
Algumas soluções para poupar no dia-a-dia
Casa
Há sempre pequenos truques para poupar nas contas da água, da luz e do gás. Utilize lâmpadas fluorescentes e economizadoras, desligue sempre os aparelhos – em modo de standby gastam energia. Faça simulações para verificar que tarifário mais se adequa ao seu caso. Deve também mudar alguns hábitos – duches rápidos, por exemplo – e optar por instalar dispositivos mais eficientes em torneiras, chuveiros e autoclismos, pois permitem poupar, por família, até 300 mil litros de água por ano.
Alimentação
Uma ida ao supermercado pode representar um verdadeiro problema quando se cede às tentações. Para que isso não aconteça, pode seguir algumas regras de ouro. Leve sempre uma lista dos produtos de que precisa, evite ir às compras quando tem fome e opte sempre que possível por marcas brancas. Tente não levar crianças e não se esqueça de olhar para as prateleiras de cima para baixo. Vai ver que, no momento de pagar, estas pequenas diferenças podem representar uma poupança significativa. Tenha também em conta o local, de acordo com a Deco pode poupar consoante o local e comparando os vários produtos.
Banca e seguros
O crédito à habitação representa, para a maioria dos portugueses, uma despesa pesada e é sempre desejável baixar a prestação, principalmente quando as taxas de juro não param de subir. Para evitar desagradáveis surpresas pode renegociar o spread com o banco ou pedir um alargamento do prazo. Esta última opção implica sempre pagar mais juros. Se tiver algum dinheiro extra, pode sempre optar por amortizar o crédito. No caso de ter vários empréstimos, pode consolidá-los num só. Cuidado com os cartões de crédito: representam uma tentação perigosa. Já em termos de seguros, contrate apenas as coberturas de que precisa e analise muito bem a oferta.
Ginásios
Gaste apenas se tirar proveito. Se é daquelas pessoas que pagam para não ir, então é melhor cancelar a inscrição. Cerca de 50 euros ao final do mês podem fazer muita diferença. Pode sempre optar por fazer exercício em locais públicos, onde não paga nada.
Telecomunicações
Comece por verificar se o tarifário do telemóvel se adequa às suas necessidades. As operadoras têm vindo a apostar em tarifas que permitem chamadas gratuitas para clientes da mesma rede ou x minutos grátis independentemente do operador, mediante o pagamento de uma mensalidade. Pode recorrer ao simulador disponível no site da Anacom para verificar qual é o melhor tarifário. Há também soluções alternativas, como o Skype e o VoIP. Em termos de televisão por subscrição, analise muito bem a oferta e tente aproveitar as promoções. Subscreva apenas os canais que sabe que vai ver.
Transportes
Opte por utilizar os transportes públicos. Vai ver que, ao final do mês, além de poupar alguns trocos, consegue evitar verdadeiros ataques de nervos. Os que não passam sem carro podem optar por partilhá-lo. Dividir custos pode ser uma alternativa. Modere a utilização do ar condicionado e adote uma condução que permita reduzir o consumo._
Poupança
Os que são menos adeptos da poupança podem tentar juntar um euro por dia – no final do ano terão 365 euros. Aqueles para quem esta tarefa não parece uma missão impossível podem recorrer a vários produtos de poupança. A oferta é variada. É só escolher o nível de risco pretendido e selecionar o que mais se adequa às necessidades de cada um. Não se esqueça da sua reforma. Há várias soluções para aplicar as poupanças de forma a assegurar um melhor rendimento depois de abandonar a vida ativa.
Cartões de desconto
Utilize os cartões e os talões de desconto. Pode parecer pouco significativo, mas sempre são uns trocos que consegue poupar.