No dia em que arranca a campanha "Esperança", do Banco Alimentar Contra a Fome, presencial e virtualmente, começa também a "Dose de Esperança", da mesma instituição particular de solidariedade social em colaboração com a ativista dos direitos humanos Francisca de Magalhães Barros, online, com o intuito de aliviar a fome de quase meio milhão de portugueses.
"Estamos a assistir a um período de fome sem precedentes onde os idosos roubam para comer. Temos 500 mil idosos a viverem sozinhos: queremos vê-los também de estômago vazio, esfomeados? Crianças que comem a primeira refeição na escola? Como vão fazer em casa? Mães sozinhas que precisam desesperadamente de ajuda! Pais que vendem todo o recheio da casa para comprar fraldas para os filhos e comida!", desabafa a também cronista e pintora em declarações ao Nascer do SOL. "Não podemos ficar indiferentes!", exclama.
"Tinha de fazer esta parceria com o Banco Alimentar. Parceria não remunerada como todas as outras, onde ver os corações cheios de esperança é o que me alegra ao final do dia! Por favor, ajudem: com pouco, com o que tiverem! De coração aberto! Esta campanha é online: basta irem ao meu Instagram e doarem aquilo que conseguirem!", avança Francisca, sendo que, atualmente, os 21 Bancos Alimentares que estão em funcionamento em território nacional entregam alimentos a 2.300 instituições de solidariedade social que, posteriormente, os distribuem a mais de 400 mil pessoas com carências alimentares comprovadas, sob a forma de cabazes de alimentos ou de refeições confeccionadas.
Tal acontece, principalmente, através das instituições da Igreja (Centros Paroquiais ou Comunitários, Conferências Vicentinas, Congregações Religiosas, Irmandades). A campanha teve início hoje e termina no próximo dia 4 de dezembro, sendo que, em maio, em entrevista ao Nascer do SOL, Isabel Jonet deixou claro: "Estamos no terreno, muito perto das instituições e das pessoas há 31 anos e, portanto, já assistimos a sucessivas crises e ondas de aumento da pobreza. Em Portugal, em rigor, não podemos falar de fome, mas sim de carências alimentares graves. Ainda temos muitas famílias que não têm todos os dias uma refeição completa".
"E temos, sobretudo, uns números que são muito impressionantes: um milhão de pessoas que vive com menos de 250 euros por mês e 2 milhões de pessoas que vive com menos de 450 euros por mês. Estas pessoas não têm mudado porque temos uma persistência da pobreza estrutural muito grande e, por isso, 19% da população é pobre", explicou a dirigente. "Quando há uma crise de qualquer tipo, há ainda uma pobreza conjuntural ligada à situação económica: foi isto que se verificou no início da pandemia quando pessoas que nunca imaginaram estar numa situação de pobreza experienciaram-na", apontou Isabel Jonet.
"Muitas das vezes, famílias com crianças porque eram trabalhadores independentes, o sítio onde trabalhavam fechou ou até porque ficaram em layoff e esse valor não chegava para as suas despesas. Então, aquilo que temos hoje quase que não variou em relação há 30 anos: temos esta persistência da pobreza que é muito impactante, mas não se altera e é isso que é impressionante", concluiu, indo ao encontro da perspetiva transmitida por Francisca de Magalhães Barros.
Para ajudar, pode dirigir-se a uma grande superfície ou a um supermercado, aceder aqui ou aos perfis de Instagram do Banco Alimentar e de Francisca de Magalhães Barros (a decorrer angariação de 5 mil euros).