Por Felícia Cabrita e Gonçalo Morais
Na sequência da notícia da extinção da Polícia da Moralidade, no Irão, fonte da comunidade iraniana em Portugal garante, ao Nascer do Sol, que “não é coincidência” que a medida tenha sido anunciada pelo governo um dia antes dos protestos começarem, mas "nada fará demover as manifestações em massa que se vão estender até dia sete” e adianta que “todo mês de dezembro será de luta para deitar este regime abaixo”.
Apesar de o governo do Irão alegadamente extinguir a Polícia da Moralidade, a medida não passa de uma manobra de distração, uma vez que esta unidade, segundo afirmou ontem à noite o procurador-geral do país, Mohamad Jafar, "não tem nada a ver com o poder judicial". E tornou-se mais esclarecedor ao adiantar que o judiciário continuará a fiscalizar o comportamento em nível comunitário, destacando que o vestuário feminino continua a ser muito importante, principalmente na cidade sagrada de Qom, ao sul de Teerão.
"O mau 'hijab' (véu islâmico) no país, especialmente na cidade sagrada de Qom, é uma das principais preocupações do poder judicial, bem como da nossa sociedade revolucionária, mas se deve notar que a ação legal é o último recurso e medidas culturais precedem qualquer outro", justificou Montazeri, no discurso que fez num encontro com clérigos em Qom.
Tal como disse Azar, uma iraniana que se juntou aos protestos desde o início, ao Nascer do Sol, nas últimas semanas tem havido um abrandamento dos protestos que coincidiu com o Mundial de Futebol e o facto deste se ter tornado, quase em exclusivo, foco da comunicação social: “Os jovens, depois de três meses de pancada e tiros, estão a restabelecer-se. Acho que a partir do dia 21 vai acontecer alguma coisa”.
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Neste momento, ativistas iranianos espalhados por todo o mundo estão a recorrer às redes sociais para repudiar esta manobra de propaganda.