Ativista pede a Costa que apoie mulheres iranianas

O governo islâmico – que prometeu que acabar com a Polícia da Moralidade e aliviar o uso do véu – não convenceu as mulheres e homens iranianos que nas ruas gritaram palavras de ordem como “Mulher, Vida, Liberdade” e “Morte ao ditador”.

por Felícia Cabrita e Maria Moreira Rato

Tina Sabounati, gestora de marketing e ativista iraniana para os direitos humanos que reside em Portugal, pede que António Costa expresse publicamente o seu apoio à causa das mulheres iranianas.

Greves gerais por todo o Irão marcaram ontem o início de uma jornada de protestos que se estende até 7 de dezembro, o Dia Nacional do Estudante no Irão. Em dezenas de cidades, há bazares vazios e empresários do comércio e da restauração fecharam as portas. A eles juntaram-se empresas de vários setores – da indústria de petróleo e gás à petroquímica.

O governo islâmico – que prometeu que acabar com a Polícia da Moralidade e aliviar o uso do véu – não convenceu as mulheres e homens iranianos que nas ruas gritaram palavras de ordem como “Mulher, Vida, Liberdade” e “Morte ao ditador”.

A mobilização dos cidadãos iranianos que se iniciou em setembro, com a morte de Mahsa Amini – a jovem de 22 anos assassinada pelo regime islâmico por não ter o hijab colocado corretamente – está longe de esmorecer, apesar de estar a ser cozinhada com receitas bastante caseiras. Sem oposição, que foi sendo presa ou morta pelo regime, são os pequenos grupos de ativistas e organizações de estudantes que têm passado a palavra, distribuindo panfletos e colocando cartazes em pontes e viadutos ao longo das rodovias. A adesão aos protestos causou espanto até na comunidade iraniana em Portugal. Ao i, Rohan, um iraniano a estudar em Coimbra, mostra-se “surpreendido com a união criada por quem está contra este regime” e “impressionado com a inteligência coletiva que os iranianos mostram neste protesto”.

Este dia tem o propósito de recordar o assassinato, em 1953, de três estudantes universitários pela polícia durante o regime de Pahlavi. Os três – Ahmad Ghandchi, que pertencia a Jebhe-e Melli (Frente Nacionalista) e dois outros estudantes, Shariat-Razavi e Bozorg-Nia, reivindicados pelo Hezb-e Tudeh (um partido comunista) – foram mortos depois de as forças policiais do xá terem aberto fogo contra os mesmos, que frequentavam a Universidade de Teerão e protestavam contra o restabelecimento das relações diplomáticas com o Reino Unido e a visita de Richard Nixon ao país.