Pela primeira vez em três anos e meio, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, viajou até Minsk, capital da Bielorrússia, para falar com o seu homólogo, Alexander Lukashenko, numa altura em que surgem rumores de que os aliados podem estar a preparar uma nova ofensiva contra a Ucrânia.
No passado, Lukashenko, também conhecido como o ‘último ditador da Europa”, já tinha permitido que Moscovo usasse a Bielorrússia como uma “plataforma” para enviar dezenas de milhares de soldados russos para a Ucrânia e deixava os jatos de guerra russos descolar das suas bases. No entanto, o Presidente nunca entrou diretamente na guerra ou enviou as suas próprias tropas para os confrontos, nota o Guardian, acrescentando, que este chegou inclusive a “criticar subtilmente” o confronto, referindo que este se estava a “arrastar”.
Perante estes alarmes da comunidade internacional, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, assegurou que a Bielorrússia é o “aliado número um” da Rússia, mas as sugestões de que Moscovo queria pressionar Minsk para se juntar à invasão da Ucrânia eram “invenções estúpidas e infundadas”.
O porta-voz esclareceu que os dois líderes políticos irão discutir a agenda económica das duas nações e questões militares, dado o atual conturbado contexto geopolítico.
O Presidente russo clarificou que a Rússia não quer “absorver” ninguém e que os “inimigos” (que fez questão de não especificar) querem impedir a Rússia de se relacionar com a Bielorrússia, disse durante uma conferência de imprensa conjunta, em Minsk, com Lukashenko, citada pelo Al Jazeera.
Uma nova ofensiva Altos funcionários de Kiev acreditam que Putin está a preparar uma nova grande ofensiva que terá lugar no Ano Novo e, depois desta viagem, existem renovadas preocupações que possa ser lançada uma nova ofensiva através de Minsk.
A líder da oposição da Bielorrússia, Sviatlana Tsikhanouskaya, que se encontra exilada, reforçou esta teoria, alertando para o facto de as probabilidades de Minsk enviar soldados para a Ucrânia “podem aumentar nas próximas semanas”.
Lukashenko “vê a Ucrânia como uma ameaça”, disse Tsikhanouskaya, citada pelo jornal inglês, acrescentando que “uma Ucrânia europeia, livre e democrática é um mau exemplo para as ditaduras de Lukashenko e Putin”, concluindo que “esta guerra é uma decisão lógica para eles”.
A somar às preocupações, os militares russos anunciaram, esta segunda-feira, que iriam participar em manobras “táticas” na Bielorrússia, após o anúncio, em outubro, da formação de uma força conjunta de vários milhares de homens.
A viagem de Vladimir Putin à Bielorrússia é a primeira ao país em três anos e meio, ao passo que Lukashenko visita regularmente a Rússia, nomeadamente para avançar com o projeto de uma união mais profunda entre os dois Estados.
O encontro ocorre depois de a Ucrânia ter sofrido na noite de domingo para ontem um novo ataque, com o disparo pelas forças russas sobre o território ucraniano, incluindo Kiev, de mais de trinta ‘drones’ (aeronaves não tripuladas) de fabrico iraniano, de acordo com as autoridades ucranianas.
As autoridades locais informaram que “várias instalações e casas” ficaram “danificadas” e pelo menos três pessoas ficaram feridas.