IRS “adormecido” não fez auditorias a Donald Trump

As declarações fiscais do ex-Presidente Donald Trump vão ser tornadas públicas nos próximos dias.

A comissão da Câmara dos Representantes para assuntos tributários, com maioria Democrata, aprovou a divulgação das declarações fiscais de Donald Trump. Esta ação deverá ocorrer nos próximos dias, mas meios de comunicação internacionais dão conta de acusações ao Departamento do Tesouro e o IRS de ter estado “adormecido”, ao não auditar fiscalmente o ex-Presidente nos dois primeiros anos do seu mandato presidencial.

O Presidente do Comité, Richard Neal, e os seus colegas democratas disseram, esta terça-feira, que os registos que obtiveram mostraram que o programa de auditoria presidencial não funcionou como era planeado, afirmando que a auditoria obrigatória dos impostos de Trump “não ocorreu”.

“A investigação que deveria ter sido feita no que se refere ao programa de auditoria obrigatória foi inexistente”, disse Neal a repórteres após a audiência do comité, citado pela CNN.

O ‘Internal Revenue Service’ (IRS), agência que faz parte do Departamento do Tesouro, não auditou os impostos de Trump nos seus dois primeiros anos de mandato, 2017 e 2018, situação que durou até abril de 2019, quando a referida comissão solicitou por carta ao Presidente as suas informações fiscais, de acordo com o relatório publicado pela imprensa norte-americana.

No entanto, apesar de não existirem sugestões de que Trump tivesse tentado influenciar diretamente o IRS ou desencorajar a agência de rever as suas informações fiscais, o relatório indicou que o processo de auditoria estava “adormecido, na melhor das hipóteses”.

Sobre os impostos liquidados por Trump durante a sua Presidência, o New York Times informou que o ex-Presidente pagou 1,1 milhões de dólares (cerca de um milhão de euros) no período, embora não tenha pago um único dólar em 2020, seu último ano na Casa Branca.

Este relatório pretende fornecer uma visão mais completa das finanças pessoais e empresariais de Trump, detalhando seis anos de declarações fiscais do ex-Presidente, possivelmente revelando quanto dinheiro o magnata republicano pagou em impostos, que receitas obteve em operações estrangeiras e se as suas receitas foram tão grandes como Trump sugeriu.

A divulgação surge após o comité que investiga a invasão ao Capitólio ter recomendado abrir um processo criminal contra  Trump, o seu advogado John Eastman e outros aliados por violarem quatro estatutos criminais federais. Os especialistas acreditam que a divulgação das declarações fiscais de Trump possam ajudar na deliberação do processo criminal do ex-Presidente.

Segundo a congressista Jamie Raskin, que delineou as acusações criminais, as acusações que Trump deverá enfrentar pela sua tentativa de anular o resultado das eleições de 2020 são: “obstrução de um processo oficial”, “conspiração para cometer fraude nos Estados Unidos”, “conspiração para fazer uma declaração falsa ao governo federal”, “incitar, assistir ou auxiliar uma insurreição”.