Prestes a assinalar-se um ano desde a fatídica noite que lhes retirou a representação parlamentar na Assembleia da República, os centristas têm-se mantido no ativo e querem mostrar trabalho para poderem estar em condições de disputar sozinhos qualquer processo eleitoral.
«A preocupação desta direção tem sido, independentemente das atuais circunstâncias, ter bem presente que o CDS-PP não se resume ao dia 30 de janeiro de 2022 e tem que estar preparado para ser candidato isolado onde seja e quando seja, independentemente da possibilidade de acordos ou coligações pré ou pós eleitorais», refere o presidente do partido à conversa com o Nascer do SOL.
Para Nuno Melo, nesta fase, a máxima tem de ser «ganhar músculo» para ter a capacidade por si de ser candidato a todas as eleições. «Ou seja, o CDS tem que se fortalecer para poder perspetivar todas as possibilidades», explica.
Em primeiro lugar, isso significa ter estruturas ativas, promovendo eleições em todo o país, quer no litoral como no interior, nos Açores e na Madeira, quer de estruturas concelhias, quer de estruturas distritais.
«Temos tido eleições de norte a sul, tivemos agora mesmo em Lisboa de órgãos concelhios e distritais e antes disso em Leiria», detalha o presidente do CDS-PP, sublinhando a importância de o partido ter estruturas representativas e com dinamismo no plano nacional e local.
Outra das preocupações da direção de Nuno Melo tem sido a de dinamizar os grupos programáticos que foram criados no congresso estatutário de julho, em Aveiro. «Na verdade, o que estamos a fazer é dar-lhes corpo em diversas áreas setoriais, como para a Saúde, as Finanças, a Cultura, a Economia, o Digital, a Agricultura, a Justiça».
Estes grupos são compostos, normalmente, por altos quadros relacionados com essas áreas. Alguns são militantes do partido, que exerceram funções no Governo, nas autarquias, em empresas ou noutras instituições diversas. Outros são independentes. Na altura do congresso, um dos objetivos das alterações estatutárias propostas pela direção era precisamente «abrir o partido a independentes» e valorizar «alguns dos principais ativos» do CDS-PP.
Também com o objetivo de tornar o CDS-PP num «partido útil», que identifica, debate e apresenta soluções para os problemas da atualidade, Nuno Melo lançou em abril as ‘Conversas do Caldas’. A mais recente, na passada segunda-feira, foi sobre a revisão constitucional, tendo o partido defendido a introdução de limites à carga fiscal na lei fundamental, tendo em vista proteger os contribuintes e obrigando simultaneamente o Estado a reduzir a despesa pública.
«Foi uma de várias de muitas áreas nesta iniciativa e para a qual convidamos pessoas que têm mérito reconhecido no plano nacional e que ajudam o CDS a ter pensamento e a orientar a sua própria ação política. Por exemplo, a propósito da revisão constitucional trouxemos à discussão os constitucionalistas Paulo Otero e Tiago Duarte, que foram moderados pelo professor José Cruz Vilaça. Chamamos depois várias pessoas a participar, nomeadamente dos grupos programáticos, autarcas e militantes», refere o líder dos democratas-cristãos.
Também no último congresso estatutário, o partido reativou o pagamento de quotas e criou um novo estatuto de militante ativo, que permite eleger e ser eleito. Esta alteração, segundo Nuno Melo, não teve impacto no número de militantes. Na verdade, o partido tem tido novas filiações. «Uma surpresa boa é que há várias filiações de pessoas que tinham ido para outros partidos, principalmente os recém-surgidos como o Chega, a Iniciativa Liberal ou o Aliança, mas que decidiram voltar ao CDS. Isso ajuda-nos a perceber que o CDS mantém um dinamismo que é importante para quem quer voltar à representatividade eleitoral. Por outro lado, também mostra que há alguns desiludidos com os partidos que eram novidade e tiveram alguma atratividade no início», revela.