A reunião marcada para a segunda semana de dezembro, entre a direção nacional e as direções das federações distritais do PS recém-eleitas foi adiada por uns dias, por forma a ganhar tempo e preparar uma resposta para o problema das quotas.
Na sequência da notícia divulgada pelo Nascer do SOL de que um movimento de líderes concelhios acusava a direção nacional de estar há vários anos a reter a totalidade das quotas pagas pelos militantes e não estar a cumprir o regulamento de quotização do partido, a reunião foi adiada, tendo o secretário-geral adjunto João Torres sido incumbido de fazer uma ronda pelas federações em jeito de ‘catequização’ para não haver contestação na primeira reunião de eleitos com o secretário-geral, uma vez que o tema estava sob foco mediático.
Ao que o Nascer do SOL apurou, a questão deverá ser resolvida no início de janeiro, com a aprovação de um novo regulamento de quotização em que a direção nacional se compromete a cumprir e a devolver às concelhias a parte da receita das quotas que lhes diz respeito.
Na primeira reunião dos recém-eleitos líderes das federações distritais do partido com o secretário-geral, a mensagem terá sido a mesma, sendo que os dirigentes locais socialistas aceitaram o compromisso da direção sem levantar ondas. Ainda que tenha ficado a sensação de que o foco de tensão poderá reavivar se o novo regulamento não tiver efeitos retroativos e as concelhias ficarem a ‘arder’.
Sem quotas na agenda de trabalhos, a reunião acabou por ser tão pacífica que António Costa, no final, não resistiu a comentar para Luís Patrão, responsável pelas finanças do partido: «Parabéns Luís, há muito tempo que não tínhamos uma reunião tão tranquila.»
Confrontado pelo Nascer do SOL em novembro, Luís Patrão manifestou a sua surpresa com as denúncias por parte de líderes locais, uma vez que não tinha chegado à direção nacional «nenhuma menção, nenhuma carta escrita, nenhum protesto verbalizado seja de quem for».
Na altura, fontes ouvidas pelo Nascer do SOL relataram que estão em causa dezenas de milhares de euros retidos pela direção nacional há vários anos, deixando as concelhias numa «asfixia financeira brutal», tanto que já se verificaram vários casos de encerramento e ameaças de despejo (por falta de pagamento) de sedes de secções pelo país fora, incluindo em Lisboa.