Dois ministros e seis secretários de Estado tomaram posse esta quarta-feira. Os novos nomes escolhidos não são, em grande parte, totalmente desconhecidos nas lides políticas, alguns transitam de gabinetes ministeriais, outros de entidades públicas. “O critério é fazer com a prata da casa”, tal como resumiu o Presidente da República, quando se referiu às escolhas de João Galamba para ministro das Infraestruturas e de Marina Gonçalves para ministra da Habitação.
As mudanças na orgânica do Governo também não se ficam apenas pela separação das Infraestruturas da pasta da Habitação antes tuteladas pelo ex-ministro Pedro Nuno Santos. No Ministério do Ambiente, o lugar deixado vago por João Galamba também se desdobrou em dois e ganhou novos rostos: a secretaria de Estado do Ambiente passa a estar entregue ao deputado socialista Hugo Pires, já a secretaria de Estado da Energia e Clima passa para as mãos de Ana Fontoura Gouveia, que estava no gabinete do primeiro-ministro como assessora económica desde 2019.
Com mais currículo político, mas sem experiência no Ambiente, Hugo Pires já protagonizou várias guerras partidárias em Braga, algumas até com leituras nacionais, já que este é local onde se agrupam várias tendências internas do partido, nomeadamente a que apoia Ana Catarina Mendes – que, juntamente com Pedro Nuno Santos, pertence ao leque das quatro figuras alinhadas para o futuro do PS.
Licenciado em Arquitetura, no Parlamento coordenou o grupo de trabalho que preparou a Lei de Bases da Habitação, tendo sido também coautor da Lei de Bases do Clima. Era deputado desde 2015 e vice-presidente do grupo parlamentar socialista desde 2019.
Doutorada em Economia pela Nova SBE, onde é professora assistente, antes da entrada no gabinete de António Costa, Ana Fontoura Gouveia esteve no Banco de Portugal, tendo ainda exercido funções no Banco Central Europeu até 2014. Também já passou por gabinetes dos ministérios das Finanças e da Economia.
O novo ministro das Infraestruturas também escolheu para seu secretário de Estado um adjunto do seu antecessor: Frederico Francisco, novo secretário de Estado das Infraestruturas, era adjunto de Pedro Nuno Santos e foi responsável pela elaboração do Plano Ferroviário Nacional. Mestre em engenharia aeroespacial e doutorado em Física, foi o nome encontrado para substituir Hugo Mendes, que se demitiu na sequência da polémica relativa ao pagamento pela TAP de uma indemnização à ex-secretária de Estado Alexandra Reis.
A nova ministra da Habitação também só terá uma ajudante: Fernanda Rodrigues, uma estreante em funções governativas. Com um vasto currículo académico, a agora secretária de Estado da Habitação tem dedicado a sua carreira à docência e à investigação. Doutorada em Engenharia Civil, tem desenvolvido trabalho relacionado com a eficiência energética e hídrica dos edifícios, bem como sobre o estado de conservação de edifícios. É ainda vice-presidente da Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais (ANQIP).
Para o lugar de Alexandra Reis, que foi demitida pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, e cujo caso esteve na origem da crise governamental que levou a esta remodelação no Executivo de António Costa, surge mais um nome com experiência em gabinetes governamentais: Pedro Sousa Rodrigues. Foi adjunto de Eurico Brilhante Dias na secretaria de Estado para a Internacionalização e agora salta para a secretaria de Estado do Tesouro. Com um percurso ligado à AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, é mestre em Ciências Empresariais, com especialização em Finanças, tendo agora na sua alçada a responsabilidade sobre as empresas públicas.
Remodelação apanha Agricultura As mudanças no Governo não ficam por aqui. Na Agricultura, Maria do Céu Antunes, a ministra em divergência com o setor, tem agora ao seu lado uma secretária de Estado que já foi representante da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) junto de Bruxelas. Carla Alves, que era diretora Regional de Agricultura e Pescas do Norte, desde dezembro de 2018, é a nova secretária de Estado da Agricultura, substituindo Rui Martinho, cuja saída ainda não tinha sido anunciada, mas que, segundo informação do gabinete do primeiro-ministro, deixa o Governo por motivos de saúde.