Gomes Cravinho diz que se fosse hoje não teria nomeado ex-diretor

Governante reitera que não autorizou qualquer aumento de custos na reconversão do antigo Hospital Militar de Belém.

O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou, esta quarta-feira no Parlamento, que se soubesse o que sabe não teria nomeado o antigo diretor-geral de Recursos da Defesa, atualmente detido, para a administração de uma empresa pública do setor.

"Num exercício retrospetivo, agregando informação que posteriormente veio a ser conhecida, isto é, sabendo o que sei hoje, obviamente que não o teria nomeado para outras funções. Mas isso é sabendo o que sei hoje, o que é substancialmente diferente da informação de que dispunha no momento de tomada de decisão", afirmou João Gomes Cravinho.

O governante, que tutelou a Defesa entre 2018 e 2022, está esta quarta-feira a ser ouvido no parlamento no âmbito de uma audição requerida pelo PSD, numa intervenção em que insistiu que não autorizou nem lhe foi solicitado qualquer aumento de custos na reconversão do antigo Hospital Militar de Belém.

O ministro, que tutelou a Defesa entre 2018 e 2022 e que está a ser ouvido no âmbito de uma audição requerida pelo PSD, reiterou que não autorizou "nem tacitamente, nem expressamente" qualquer aumento de custos na reconversão do antigo Hospital Militar de Belém, obra que derrapou de 750 mil euros para 3,2 milhões.

Gomes Cravinho, questionado sobre a idoneidade do antigo diretor-geral de Recursos da Defesa, adiantou que quando o processo de nomeação de Alberto Coelho para a Empordef teve início, em abril de 2021, a informação que tinha era de que se tratava de "enorme experiência e conhecimento acumulado na área" bem como "mandatos renovados em vários cargos por governos de várias forças políticas".

Recorde-se que Alberto Coelho foi detido, em dezembro do ano passado, por corrupção, peculato, participação económica em negócio ou abuso de poder no âmbito da ‘Operação Tempestade Perfeita’.

O ministro admitiu que a Inspeção-Geral da Defesa Nacional, na sua primeira auditoria, alertou para
"inconformidades legais" relacionadas com as obras no hospital, mas não se perspetivava a “gravidade do que estará agora em investigação".

"E foi esta IGDN que me propôs a ratificação dos atos do diretor-geral [através de despacho](…). Estamos portanto muito longe de um quadro que apontasse para falta de idoneidade", acrescentou.