A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica divulga, esta segunda-feira de manhã, as conclusões do relatório da investigação levada a cabo ao longo de 2022, na qual foram recolhidos centenas de testemunhos de vítimas, tendo sido validados 512, dos quais foram enviados para o Ministério Público 25 casos.
A apresentação foi iniciada pelo presidente da comissão independente, Pedro Strecht, que começou por prestar uma homenagem às vítimas, que “são muito mais do que números ou estatísticas”.
Segundo Pedro Strecht, com estas denúncias foi possível identificar mais de quatro mil vítimas, mas não é possível definir a quantidade dos crimes "porque a maioria das crianças foi abusada mais do que uma vez". Um dos sociólogos envolvido no estudo alertou para o facto de este número de vítimas ser apenas a “ponta do icebergue”.
De acordo com os dados, o pico dos abusos foi entre os anos 60 e os 90, a média de idades atual das vítimas é 52 anos, 48% das pessoas revelaram os abusos pela primeira vez agora.
Os distritos onde foram registados mais abusos sexuais foi em Lisboa, no Porto, em Braga, em Santarém e em Leiria
Além disso, segundo uma análise de outros relatórios a nível mundial, a comissão chegou à conclusão que 18% das raparigas e 8% dos rapazes são abusados antes dos 18 anos. Dados sobre os quais o psiquiatra Daniel Sampaio, presente na apresentação, pede um estudo a nível nacional.
Sobre o facto de apenas 25 casos terem sido enviados para o Ministério Público, o juiz Álvaro Laborinho Lúcio considera que não cabe à comissão fazer juízos sobre o posterior sucesso da investigação.
E justificou que só foram enviados este número de casos devido à prescrição de muitos crimes, mas também ao desejo de anonimato das vítimas.