Como vê o estado da saúde em Portugal? Há um antes e um depois da pandemia?
Vejo as dificuldades que todos os serviços de saúde estão a atravessar, após a pandemia. As dificuldades do SNS e da saúde em geral representaram um choque que todos os países apanharam, nomeadamente os mais ricos porque também foram aqueles que foram mais afetados pela pandemia. Isto porque a pandemia afetou em especial os mais velhos e os países que têm mais velhos são os mais desenvolvidos. Estamos a falar da Europa, dos Estados Unidos, do Canadá e do Japão. São países que têm a população mais idosa por causa do desenvolvimento económico. África foi muito menos atingida, porque a longevidade média não chega aos 50 anos. O que aconteceu? Por causa do confinamento, em que estivemos quase dois anos confinados, deixámos de tratar outras patologias, nomeadamente a oncologia. As pessoas vivem mais anos, mas vivem mais anos melhor, já que a medicina evoluiu. Se todos vivermos até aos 90 anos garantidamente vamos ter um cancro, seja homem ou mulher. A questão é que o cancro deixou de matar como matava. Muitos deles são curados, outros tornaram-se crónicos. Agora como deixámos de tratar essas pessoas, nomeadamente na oncologia, a mortalidade aumentou, porque algumas não tendo acesso a tratamento a tempo e horas, a mortalidade subiu e depois estamos a tentar recuperar todo esse período. E a acrescentar a isto, a pandemia tal como as guerras trazem evoluções tecnológicas extraordinárias e esta pandemia também trouxe, nomeadamente na medicina.
Mas já existia…
A evolução da medicina e da ciência já existia, mas acelerou imenso e, ao mesmo tempo, estão a aparecer novos medicamentos com efeitos terapêuticos extraordinários, mas que são caríssimos. É evidente que a indústria quando descobre um medicamento novo já se sabe que vai cobrar preços mais altos, pelo menos, até haver concorrência e até haver genéricos. Portanto estamos perante uma tempestade perfeita. Voltando a Portugal, está-se a tentar ir pelo rumo certo, mas o que é que é preciso fazer? Melhorar a gestão do SNS. A questão central é gerir melhor os serviços públicos: hospitais e cuidados primários e a chave aí é o caminho que está a ser seguido, mas que vai demorar anos, porque essa mudança não se faz de um dia para o outro. É preciso ligar o que tem de ser ligado, isto é, também se aprendeu com a pandemia, que temos de tratar das pessoas desde que elas nascem até que elas morrem. Por isso, é necessário gerir, em conjunto, os cuidados primários, os hospitalares e os continuados. E por isso só faz sentido se dividirmos o país em unidades locais de saúde – ou que poderá ter outro nome, gostaria mais de unidades integradas de saúde – que integrem cuidados para gerir melhor os cuidados. Acabei de ir ver um doente à urgência geral de Santa Maria e está cheio de doentes.
E com horas de espera intermináveis?
Mas porquê? Não é que isto vá resolver tudo, mas deverá haver uma gestão que esteja a gerir o hospital de Santa Maria, os cuidados primários à volta – centros de saúde e USF [Unidades de Saúde Familiar] – para, por exemplo, em algumas circunstâncias ou em épocas do ano, alguns centros de saúde possam estar abertos até à meia-noite ou até outras horas que se entender que devem estar abertos, como os serviços de pediatria e outras patologias e que não sejam assim tão graves, se possam dirigir a uma urgência dos cuidados primários. Mas isto tem de ser gerido em conjunto.
Mas os centros de saúde continuam a fechar cedo…
As unidades de saúde familiar ou os centros de saúde em algumas circunstâncias não podem ter um horário de banco que fecha às 18h. Têm de estar abertos até tarde e ao sábado e domingo. Isso existe nas ULS, como são geridas em conjunto gerem melhor o acesso às urgências. Temos de distribuir, espalhar o serviço de urgência naquilo que pode ser espalhado por várias unidades mais pequenas, ao mesmo tempo, tem que se concentrar o que é preciso concentrar. Se por um lado, precisa de concentrar, por outro lado, precisa de descentralizar. Agora para se fazer isto é preciso primeiro articular em conjunto e tem de haver uma gestão integrada. E depois há outra ferramenta absolutamente essencial para melhorar a gestão que é a digitalização. Temos que acelerar a digitalização do sistema de saúde e aí não é só o SNS, mas de todo o sistema de saúde. Temos de permitir que as pessoas com um cartão de cidadão quando vão a qualquer unidade de saúde pública ou privada tenham o seu cadastro clínico – os exames que já fez, as TAC, análises, etc. – e isso vai diminuir o número de exames complementares que vai ter de fazer, porque muitas vezes repetem-se exames, consultas porque o sistema não comunica, mesmo dentro do SNS e, às vezes, dentro do mesmo hospital público. Isto porque tem vários sistemas informáticos, por isso é preciso informatizar de maneira a que se ligue tudo: os cuidados primários, hospitalares, continuados e público/privado e social. Isto está a ser feito, os serviços partilhados estão a avançar com isso e essa revolução digital é absolutamente essencial para melhorar os cuidados. E, já agora, vai trazer melhor gestão de meios financeiros.
E o facto de o Governo ter nomeado um diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde ajuda?
Isso é essencial e já devia ter sido feito há muitos anos, porque quando o SNS foi feito pensou-se em fazer isso. O SNS foi criado à imagem do NHS inglês que tem um diretor-geral há 50 anos. E tem de o ter. Para o congresso da SEDES convidei dois ex-diretores-gerais do NHS, porque tem de ter uma gestão integrada em rede. Cada hospital não é uma quinta. Sou médico do SNS, claro que estou na carreira no hospital de Santa Maria, mas sou do SNS. Há palavras absolutamente chave e acho que a pandemia ajudou a perceber que tem de se gerir em conjunto o que é possível. Mas até vou mais longe, o Ministério devia estar na Praça de Londres porque devia gerir como já geriu e como acontece em muitos países europeus a área da ação social e tudo o que está relacionado com lares, IPSS, tem de estar na saúde.
Áreas que estão no Ministério do Trabalho e da Solidariedade…
Mas está errado, porque os lares são unidades de cuidados continuados. Têm de ter médicos, enfermeiros. Sabe como se chamam os lares nos EUA? Casas de enfermagem, porque quando estamos velhos precisamos de ter mais cuidados de saúde, como é obvio. Resumindo, há um conjunto de ações que são precisas de serem tomadas e estão a ser tomadas neste sentido: ter um diretor-geral, dividir o país em unidades integradas de saúde – pode ter entre 30 a 35 – e achatada a gestão do conselho executivo à base. Tem de se aproximar a base ao topo e tem de se dar mais autonomia de gestão, mas uma autonomia com responsabilidade. E há outra ideia, mas isto tem de ser tudo ao mesmo tempo, as PPP deram um ótimo resultado, acabaram-se com elas. Errado, devia-se era ter multiplicado. O que é que se tem de fazer? Dar as ferramentas à gestão pública que tem a gestão privada e quais são essas ferramentas? É simples: contratualização, isto é, tem uma autonomia de gestão mas tem de haver contratualização, tem de haver tetos financeiros para gastar de despesa. Dentro desse teto pode gerir como acha que será mais conveniente. E gerir em conjunto o que é preciso gerir em conjunto e o ideal seria o Ministério ter essa área social para depois integrar os cuidados. Há um diretor-geral, deve-se integrar os cuidados de saúde: hospitalares, continuados e primários e depois digitalizar o processo, pondo o cidadão no centro.
Daí ter defendido a criação de um processo clínico único do doente que permitiria poupar milhões…
Isso é essencial e é o caminho que está a ser feito.
Assim como a aposta nas teleconsultas. A população não estará demasiado envelhecida?
Já as fazemos. Hoje já comunicamos com os nossos doente por email, SMS, falamos com eles por zoom. Mesmo os mais velhos hoje já estão muito dentro das novas tecnologias e até por causa da solidão já usam muito o Facebook e o WhatsApp. Mas há outra coisa que devia ser feita, e que é interessante, que é deixar de ser o Ministério da Saúde e passar a ser o Ministério do Bem Estar. Temos é de ter políticas para que as pessoas não fiquem doentes. Temos de apostar na prevenção da saúde e que passem por políticas fiscais e outras, como educação para a saúde desde pequenos nas escolas. É preciso que as pessoas passem a comer melhor, façam mais exercício físico e tenham uma vida mais saudável. Os portugueses têm uma taxa de longevidade quase ao nível dos suecos, mas a partir dos 60 anos não têm a qualidade de vida dos suecos, são mais doentes ou porque são diabéticos ou porque são hipertensos. Porquê? Porque fizeram menos desporto, comeram pior e têm menos hábitos de vida saudáveis.
E a fatura paga-se mais cedo ou mais tarde…
É um assunto muito complexo, mas tem de haver estas reformas. Se há área que o Governo está a ser reformista é na saúde, mas é claro que as reformas quando acontecem têm resistências. As pessoas têm muito medo das mudanças.
Mas também já disse que é preciso reformar a saúde e que só não mudam os burros…
A pandemia explicou até à exaustão que temos de cuidar dos mais velhos, mas não é ter cuidados só institucionais. Temos de tratar das pessoas em casa, temos de ter enfermeiro ao domicilio, médico ao domicilio. E já não estou a falar do médico de família, precisamos muito é de ter enfermeiros. Portugal até já tem médicos a mais, precisa é de enfermeiros de família e de cuidados ao domicílio. Além disso, é preciso humanizar os cuidados e isso percebeu-se com a pandemia, no entanto, isso tem de ser gerido em conjunto, em rede e não há que inventar a roda. Há países com soluções muito interessantes nessa gestão integrada e Portugal está a ir pelo caminho certo.
Diz que há médicos a mais, mas o setor continua a dizer que é insuficiente apesar das novas contrações.
Estão é mal distribuídos. Temos em Portugal um rácio de médico por habitante dos mais altos da Europa. Temos é falta deles em algumas especialidades. Um país que precisa de ter crescimento demográfico e a chegada de imigrantes novos significa que vamos ter mais nascimentos, logo temos de ter mais maternidades. Esses défices em algumas especialidades têm de ser corrigidos, claro que isso demora anos a corrigir, mas enquanto isso não acontece temos de reorganizar e canalizar os recursos para onde são necessários. Há uma grande concentração em Lisboa e no Porto e há um défice no interior do país. Mas é para isso que existem os governos para compensar e tomar decisões.
E tem lançado incentivos para o interior. Mas não tem sido suficientemente compensador…
Exatamente. Mas isso é um problema geral não é só com os médicos. Para o interior ser atrativo têm de existir políticas fiscais atrativas em relação às cidades e depois tem de haver uma política salarial de incentivos para os jovens que queiram trabalhar, seja para a saúde, educação ou outras áreas.
Também disse que há falta de médicos de especialidade, nomeadamente de obstetrícia. Isso depois tem como consequência o encerramento das maternidades ao fim de semana e à noite….
Isso acontece porquê? Porque de repente ficámos com muitos menos médicos, uns para o privado, outros para o estrangeiro. É preciso estancar esta sangria de saída de profissionais dos serviços públicos. Agora é evidente que isto vai requerer tempo, mas têm de ser tomadas medidas com coragem para resolver este problema. O país precisa de muitas reformas, mas estas demoram às vezes décadas a fazer efeitos. Não é por acaso que o livro da SEDES É duplicar o PIB em 20 anos e é isso que falta em Portugal. É termos uma estratégia para décadas. Dir-me-á, está a pensar à chinês. Tomara eu, já nem vou tão longe. A China pensa a cinco décadas, eu só penso para duas ou três. Têm de ser tomadas várias medidas e começam logo nos cursos de medicina, nas especialidades médicas, na distribuição das especialidades e depois nos atrativos para os profissionais. Mas, no fundo, tudo está relacionado com o financiamento do sistema e acaba sempre num ponto: o país tem de ter um crescimento económico que alimente as necessidades do Estado social, porque mesmo gerindo melhor vai precisar de mais recursos, porque estamos a envelhecer, a medicina está a melhorar, mas está mais cara: os medicamentos, os exames complementares, etc. e Portugal como um país desenvolvido que é – às vezes esquecemo-nos que fazemos parte do clube dos mais desenvolvidos e com um Estado social mais desenvolvido, melhor do que o americano, por exemplo, na área da saúde – precisamos de ter crescimento económico, de ter uma economia mais robusta para sustentar estas necessidades.
E para os profissionais receberem mais também implica ter uma economia com maior crescimento…
Exatamente, mas é preciso perceber que a saúde também é parte da economia. Por isso, acho que o cluster da indústria farmacêutica portuguesa é essencial porque é exportador e Portugal pode ter mais do que tem. E cabe aos Governos ter essas ambições. O cluster da saúde privada em Portugal que tem muita qualidade também se pode desenvolver em termos europeus, não só para tratar de portugueses mas para atrair turismo de saúde. Escrevi um artigo há 30 anos a defender a ideia de que Portugal podia ser a Califórnia da Europa e estamos a chegar lá, mas ser a Califórnia da Europa ou a Florida europeia é também isso. Não é só os suecos virem para cá na reforma, mas virem para cá para serem tratados. Ora, isso é possível porque temos qualidade e isso também ajuda a economia.
Como vê os pedidos de demissão em bloco dos diretores das urgências?
Só quem não trabalha numa urgência é que não percebe. Os colegas entraram praticamente em burnout porque há um problema de acesso no sistema de saúde por causa destas razões que dei: pós-pandemia, atrasos nas listas de espera. E como há uma dificuldade de acesso, as pessoas percebem que o acesso mais rápido e onde vão ser atendidas, podem demorar 12h, às vezes 24h, é nas urgências. As pessoas são inteligentes e percebem isso. E depois como também têm saído colegas chega a um ponto em que atingem o limite.
Ainda na semana passada assistimos a uma greve dos médicos e tudo indica que não vai ficar por aqui…
Isso também acontece em Inglaterra, em França porque as pessoas estão em burnout. Há muita pressão e os tempos foram difíceis. Foi difícil a pandemia para quem está na saúde e é difícil o pós-pandemia, até porque estamos a viver uma época que depois de uma pandemia, em que as pessoas ficaram enclausuradas, apanharam com uma guerra. Estamos à beira de uma guerra mundial e as pessoas sabem disso. Não são tempos para brincadeira e isto cria ansiedade. Está tudo muito ansioso, muito nervoso, em que se ferve em pouca água, o que é natural.
E continua a haver alguma resistência em relação às consultas de psiquiatra…
Quando era pequeno via nos filmes que todos os americanos tinham um psicanalista, em Portugal ter um psicanalista é sinal de que se é doido. E isto também tem a ver com a crise que estamos a passar com a Igreja. Antigamente confessavam-se ao padre, hoje em dia, o médico ocupa muito esse lugar, porque as pessoas precisam de colo, de alguém que as ouça, precisam de desabafar. E como médicos também estamos cá para isso.
Criticou o fim das PPP. Esta decisão foi puramente ideológica?
Foi uma questão absolutamente ideológica, são as PPP e a TAP. Houve um Governo de gerigonça, com o partido comunista que ainda não aprendeu com a queda do Muro em 89 e já lá vão mais de 30 anos e um partido anarco-marxista como o Bloco de Esquerda que ainda acredita que o Estado é que vai resolver tudo e dá mau resultado. Foi uma questão ideológica, o Partido Socialista foi forçado pela coligação a tomar essa posição e andou-se para trás, perdeu-se tempo, agora é preciso recuperar esse tempo perdido. E o que aconteceu com as PPS também aconteceu com a TAP por acharem que os países têm de ter companhias áreas. Isso é um disparate. É bom que Portugal tenha uma companhia aérea, mas acima de tudo é bom que Portugal tenha um hub. Mas, voltando à saúde, é preciso também fazer reformas na gestão, de maneira a que a gestão pública possa ter as ferramentas que têm o hospital dos Lusíadas, da Luz, antigas PPP. Isso é simples e não há muito que inventar. É só perceber e adaptar ao Estado as ferramentas de gestão que têm os privados.
Que balanço faz do trabalho de Manuel Pizarro?
Por ter uma certa idade sou amigo deles todos, até porque são mais jovens e acompanho-os há uns anos. Quando me formei em medicina estava Manuel Pizarro a entrar. Já Fernando Araújo é meu colega de especialidade, conheço-o desde que era interno. Acho que Manuel Pizarro está a fazer bem, está a ouvir as câmaras, os colegas, as instituições, mas tudo isto vai demorar anos. Este é o inicio de um caminho, as pessoas não podem querer resolver tudo, ainda por cima, com esta pressão toda. Acho que a reforma da criação das ULS, a própria ideia de uma comissão executiva que esteja a gerir todo o sistema público de saúde já é um caminho muito importante. O problema das urgências é conjuntural e que é preciso resolver agora. Mas tem de se revolver estruturalmente, caso contrário, andamos sempre aqui em emergência.
E em relação ao trabalho de Marta Temido?
Costumo dizer que os dois lugares mais difíceis na política é ser ministro da Saúde e ser líder da oposição. É muito difícil satisfazer todas as expectativas e, ainda por cima, foi ministra durante a pandemia e em princípio só há uma de cem em cem anos. E depois teve uma coligação à esquerda que também condicionou o Governo. A questão aqui é que o lugar em si é muito difícil e apanha-se muita pancada, até porque há sempre imponderáveis e o ministro da Saúde responde sempre perante esses imponderáveis. É o caso da grávida que morre depois de ter sido transferida, aliás foi a gota de água e que provocou a demissão de Marta Temido. Claro que o responsável político tem de assumir as responsabilidades, mesmo que não tenha uma responsabilidade efetiva, concreta. E a saúde é um lugar para os corajosos.
E com o Governo a correr o risco de ter cada vez maior dificuldade em contratar …
Qualquer Governo tem essa dificuldade, porque qualquer um que aceite sabe que é muito difícil, pois é um trabalho de muita responsabilidade e desgasta muito.
É uma função cada vez mais escrutinada…
Isso é como tudo na vida. É como ser médicos, estamos cá para resolver esta pressão. É difícil? É, mas há uma coisa que me lembro todos os dias: é mais difícil estar na Ucrânia a combater os russos. Todos os dias estão a morrer ucranianos para defenderem o nosso Estado social, a nossa democracia liberal, esta Europa que gostamos. Quanto à saúde estou otimista. Acho que o ministro está a ir pela linha certa. Fernando Araújo é excelente e está a fazer aquilo que tem de ser feito. Sinceramente se fosse um Governo do PSD não faria muito diferente. acho que tem que ser moderado, ao centro para que não venha um Governo e depois desfaça tudo e faça tudo ao contrário. Tem de ser uma coisa pragmática, sensata, baseada na evidência, ouvindo quem sabe, tendo essa paciência e depois ter a coragem de tomar medidas que têm de ser tomadas.