O Conselho das Finanças Públicas aponta para uma “desaceleração expressiva” da atividade económica portuguesa de 5,5 pontos percentuais (p.p.) para 1,2% este ano. Uma quebra que justifica com a “redução quer no contributo da procura interna, quer no contributo das exportações líquidas”. E acrescenta que, no médio prazo, em políticas invariantes, “perspetiva-se que a atividade económica convirja para valores em torno do crescimento do produto potencial (1,7%)”.
No que diz respeito ao mercado de trabalho, a instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral diz que “o ritmo de criação de emprego deverá desacelerar em 2023, para 0,2%, e recuperar, em 2024, para 0,4%, em linha com a dinâmica antecipada para a atividade económica”. Já a taxa de desemprego deverá aumentar para 6,4% em 2023, e permanecer nesse valor no ano seguinte, “refletindo a manutenção de uma trajetória de ligeiro aumento na taxa de participação no curto-prazo, em linha com a evolução recente desse indicador”.
No médio prazo o CFP projeta a manutenção do emprego e a redução gradual da taxa de desemprego até 5,8% da população ativa, “refletindo as dinâmicas demográficas”.
Quando à inflação, o atual cenário antecipa uma gradual redução das pressões inflacionistas ao longo destes dois anos “antecipando uma desaceleração no crescimento do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) para 5,9% em 2023 e 3,1% em 2024”.
O Conselho das Finanças Públicas acrescenta que “a normalização da política monetária por parte do Banco Central Europeu, assim como o progressivo desvanecimento das restrições na oferta deverão contribuir para a redução das pressões inflacionistas ao longo do horizonte de projeção”.
E é com base neste cenário que a projeção orçamental do CFP aponta para “uma trajetória de correção do desequilíbrio orçamental atingindo uma posição de equilíbrio a partir de 2025. Esta trajetória eleva a margem de segurança em relação ao limite de 3% do PIB para o défice, permitindo fazer face às flutuações cíclicas normais sem incorrer numa situação de défice excessivo”.
Já o rácio de dívida deverá diminuir 18 p.p. ao longo do horizonte projetado, atingindo 95,9% do PIB em 2027.