De Ratos e Homens e IA

No cenário erótico previsto no filme de ficção científica de 1968 de Roger Vadim, “Barbarella”, não está além dos reinos da fantasia imaginar a IA a ser incumbida de procriar para fins políticos – seja para astronautas ou oligarcas- para liderar  o admirável mundo novo!

por Roberto Cavaleiro

Em outubro de 2016, o professor Katsuhiko Hayashi, da Universidade Japonesa de Kyushu, anunciou que sua equipa de investigação tinha conseguido nutrir ratos saudáveis a partir dos primeiros óvulos cultivados em laboratório e causou polémica ao afirmar que a técnica poderia ser adaptada para tratar a infertilidade em humanos. Agora ele complementou essa especulação anunciando que a pesquisa contínua permitiu aos investigadores criar embriões a partir das células de dois machos e que os filhotes saudáveis resultantes (de ambos os sexos) passaram a acasalar com ratos criados convencionalmente e produziram uma geração adicional sem aparente defeitos. Propõe-se agora estender a pesquisa a mamíferos maiores para que a aplicação da técnica à procriação humana possa começar “dentro de uma década” para aqueles seres que não têm oposição religiosa ou ética.

Além de oferecer aos casais do mesmo sexo a esperança de constituir família, também existe a possibilidade de os solteiros terem filhos que possuirão a herança genética do(s) progenitor(es), mas o que se sabe é se a filha de dois machos possuirá físico masculino ou vice-versa no caso de duas mães.

Para a super-elite, essas propostas não são novidade. O recente fenómeno da Inteligência Artificial tem o potencial de ser capaz de supervisionar uma nova vida, desde a concepção, passando pelo nascimento até á maturidade, no papel combinado de ama-de-leite, “nanny” e professor particular independentemente de a paternidade ser convencional ou não. No cenário erótico previsto no filme de ficção científica de 1968 de Roger Vadim, “Barbarella”, não está além dos reinos da fantasia imaginar a IA a ser incumbida de procriar para fins políticos – seja para astronautas ou oligarcas- para liderar  o admirável mundo novo!

Com os índices de fertilidade a cair globalmente e a consequente redução da população humana, a questão do controle pela engenharia genética e a quem ela estará disponível será de vital importância e deve ser objecto de investigação e supervisão das Nações Unidas como sendo de nada menos importância do que a de combater a crise energética e as alterações climáticas.

 

    Tomar   14-03-2023