Uma "crise humanitária sem precedentes", foi assim que as Nações Unidas descreveram a situação no Sudão, alertando para uma extremamente "grave" nos estados de Cartum e Darfur, locais onde os combates se têm concentrado e que levou milhares de pessoas a procurar refúgio nos estados vizinhos.
Segundo a Organização Internacional das Migrações (OIM), um dos "braços" da ONU, pelo menos 75 mil pessoas foram deslocadas internamente desde o início da crise, a 15 de abril, nomeadamente nos estados de Cartum, Norte, Nilo Azul, Cordofão do Norte, Darfur Norte, Darfur Ocidental e Darfur Sul.
"Por esta razão, prevê-se que o número de pessoas deslocadas internamente seja muito mais elevado, à medida que as equipas da OIM recolhem informações sobre estes movimentos em grande escala", declarou a agência da ONU.
Os trabalhadores humanitários destacados nas fronteiras deste país confessam estar "assustados" com o afluxo de refugiados, nomeadamente em locais como o Chade, onde as equipas da ONU foram destacadas para o este do país, região que faz fronteira com o Sudão.
Por seu lado, a Organização Mundial da Saúde fez um apelo urgente a todas as partes do conflito para libertarem imediatamente todas as instalações de saúde e para não interferirem nas funções essenciais de saúde pública no Sudão.
Apesar de um cessar-fogo que entrou em vigor na terça-feira, há relatos de combates em Cartum, bem como noutras partes do país, tendo assim, esta sexta-feira, o Sudão entrado no décimo quarto dia consecutivo de confrontos entre o exército e as Forças de Ação Rápida, que já fizeram mais de 500 mortos e acima de 4 mil feridos.
O violento conflito no Sudão coloca o exército do general Abdel Fattah al-Burhan, o líder de facto do Sudão, e o seu adjunto e opositor, o general Mohamed Hamdane Daglo, que comanda as forças paramilitares de apoio rápido.
Estes combates foram despoletados devido ao fracasso das negociações para a integração dos paramilitares nas forças armadas, no âmbito de um processo de transição política no Sudão.